3I/ATLAS – Nos últimos dias, os aliens voltaram para a “balada astronômica” com a aproximação do 3I/ATLAS da Terra, um visitante interestelar que está cruzando nosso Sistema Solar. Internautas, youtubers e até mesmo renomados astrofísicos inundaram as redes sociais com teorias extraordinárias: “E se não for um cometa? E se for… uma nave?”.
A imaginação humana é fértil, e é isso que a torna fascinante. Mas enquanto ela voa, a ciência precisa manter os pés firmes no solo e os olhos presos aos fatos. Antes de qualquer alarme, é preciso ouvir o que os telescópios e a razão têm a dizer. Afinal, como poderíamos realmente saber se estamos diante de uma espaçonave?
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O ponto de partida é simples: afirmações extraordinárias exigem evidências extraordinárias. Isso não quer dizer que hipóteses ousadas devam ser descartadas, apenas que precisam passar pelo mesmo rigor aplicado às explicações mais comuns. O Universo já nos apresentou fenômenos surpreendentes, estrelas de nêutrons, buracos negros, energia escura. Uma visita extraterrestre não seria impossível. Mas exigiria provas.
E para isso, o primeiro passo é observar que tipo de pistas uma nave alienígena deixaria. Embora nada impeça que engenheiros extraterrestres criem designs exóticos, formas com simetria clara, curvas suaves ou ângulos retos chamariam atenção imediata. Seriam indícios de tecnologia. Por isso, astrônomos recorrem a imagens de alta resolução, espectroscopia e radar para identificar materiais ou formatos incompatíveis com objetos naturais. Mas “estranho” não significa “artificial”: asteroides metálicos e corpos com silhuetas improváveis são frutos da criatividade cósmica, não necessariamente da engenharia.
O comportamento do objeto também importa. Mudanças de direção sem força natural, aceleração sem degelo ou pressão de radiação, e outras anomalias poderiam sugerir algo intrigante. O caso de ‘Oumuamua, por exemplo, levantou debates por conta de uma aceleração sutil. Ainda assim, anomalias não são sinônimo de tecnologia, apenas sinais de que o objeto pode ser diferente do esperado.
Velocidade é outro ponto fundamental. Na ficção, civilizações avançadas cruzam as estrelas com facilidade. Em O Problema dos Três Corpos, alienígenas levariam 400 anos para nos alcançar. Já o 3I/ATLAS viaja a cerca de 210 mil km/h, velocidade modesta para padrões interestelares. A essa taxa, partir de um sistema como Próxima Centauri levaria mais de 20 mil anos. Para comparação, o próprio Sol orbita a Via Láctea a cerca de 720 mil km/h.
Se fosse uma sonda, seria uma sonda lenta, e estranhamente silenciosa. Não há transmissões de rádio, flashes de luz, pulsos infravermelhos ou qualquer sinal que se destaque do ruído natural. Observatórios como o SETI monitoram o céu atrás desse tipo de assinatura, e até agora, nada partiu do 3I/ATLAS.
Apesar disso, algumas especulações circularam nas redes, como a ideia de que sua trajetória seria “planejada”, evitando a Terra ao passar por Marte, Vênus e Júpiter. Mas qual seria o sentido de cruzar trilhões de quilômetros e ignorar justamente o único planeta com vida conhecida? E se a intenção fosse se esconder, uma estrutura de 5 quilômetros que solta gases luminosos está longe de ser discreta.
Outro argumento levantado é que alienígenas poderiam usar tecnologias além da nossa compreensão, naves disfarçadas, portais, comunicação invisível aos nossos instrumentos. A imaginação permite essas possibilidades. A ciência, porém, exige evidências, e por enquanto elas não apareceram.
Tudo indica que o 3I/ATLAS se comporta exatamente como um cometa interestelar: natural, veloz, gelado e fascinante. Mesmo não sendo uma nave, é alienígena no melhor sentido, originado de outro sistema estelar, trazendo informações únicas sobre partes da galáxia às quais não teríamos acesso de outra forma.
E talvez seja essa a verdadeira beleza desses visitantes cósmicos: cada um deles, natural ou não, nos oferece uma nova chance de entender melhor o Universo.
(Com informações de Olhar Digital)
(Foto: Reprodução/Freepik)
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