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Avanço da IA na busca do Google ameaça sites de receitas

Avanço da IA na busca do Google ameaça sites de receitas

Blogueiros veem audiência diminuir à medida que buscadores priorizam respostas automatizadas

Sites de receitas – Quando o Google apresentou, em março, um novo recurso de busca baseado em inteligência artificial, a promessa era tornar a navegação mais simples para os usuários – inclusive no preparo de refeições.

Na prática, entretanto, as receitas produzidas pela IA passaram a chamar atenção por falhas evidentes. Em um episódio que ganhou repercussão, o sistema interpretou erroneamente um texto satírico do site The Onion como se fosse uma receita legítima e chegou a recomendar o uso de cola atóxica como ingrediente.

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O caso evidenciou um problema mais amplo: a maneira como sistemas de inteligência artificial estão coletando, combinando e redistribuindo receitas desenvolvidas por criadores humanos, muitas vezes sem o devido crédito e com resultados imprecisos, como aponta reportagem do jornal britânico The Guardian.

Receitas sem dono, criadores sem proteção

Receitas culinárias, em regra, não contam com proteção por direitos autorais – apenas a forma específica do texto pode ser protegida, o que deixa criadores mais expostos. Nos últimos anos, muitos profissionais passaram a identificar suas receitas reaparecendo em respostas de chatbots, e-books produzidos por IA e plataformas automatizadas, enquanto imagens e vídeos são reaproveitados em redes sociais.

Para blogueiros que dependem de publicidade, os reflexos são imediatos. Levantamentos recentes indicam reduções significativas no tráfego, sobretudo em épocas tradicionalmente mais rentáveis, como o fim do ano. “Para sites baseados em publicidade, isso pode ser um evento de extinção”, afirma Matt Rodbard, fundador do Taste.

Modo IA e a perda de tráfego

Relatos de criadores apontam que o chamado Modo IA do Google intensifica o problema ao exibir versões “sintetizadas” das receitas, limitadas a listas genéricas de ingredientes e etapas. Embora o sistema inclua links para as fontes originais, muitos acreditam que a maioria dos usuários não chega a acessá-los.

Pesquisas, no entanto, sugerem uma possível reação crítica do público: quase metade dos entrevistados considera conteúdos produzidos por inteligência artificial menos confiáveis do que aqueles criados por pessoas.

Mesmo assim, para quem depende da produção de receitas na internet, o cenário permanece incerto – e exige ajustes constantes em um ambiente cada vez mais automatizado.

(Com informações de Olhar Digital)
(Foto: Reprodução/Freepik/jcomp)

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