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Brasil teme impacto econômico de novas tarifas de Trump sobre o país

Novas tarifas – Sem avanços nas negociações diplomáticas, o governo brasileiro aguarda com preocupação o anúncio das novas tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, previsto para esta quarta-feira (2), às 17h (horário de Brasília). O temor principal é que a medida tenha um efeito cumulativo sobre setores já taxados, como o aço e o alumínio, além de atingir outras exportações nacionais.

Os produtos semiacabados de aço, incluindo blocos e placas, estão entre os principais itens que o Brasil exporta para os EUA, juntamente com petróleo bruto e aeronaves. Segundo dados do governo americano, o Brasil figura entre os três maiores fornecedores de aço para o país, ao lado de México e Canadá, com um volume de exportações que chegou a US$ 2,66 bilhões no último ano.

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Além do setor siderúrgico, o setor de autopeças também pode ser afetado. Em 2024, o Brasil exportou aproximadamente US$ 1,3 bilhão em componentes automotivos para os EUA, e a imposição de tarifas adicionais pode comprometer ainda mais a competitividade dessas exportações.

Nos últimos dias, integrantes do governo Lula passaram a considerar um cenário mais severo do que o inicialmente previsto. Além das tarifas já confirmadas sobre o aço e o alumínio, há a possibilidade de uma sobretaxa linear aplicada a diversos produtos brasileiros exportados para os EUA. Um membro da Casa Branca confirmou que, caso o Brasil seja incluído na lista de países afetados, a medida será ampla e atingirá diferentes setores da economia nacional.

Nos bastidores do governo brasileiro, a expectativa é que as medidas possam representar um impacto significativo para a economia. Segundo um membro do governo brasileiro, não será surpresa se a medida anunciada pelos americanos for “a pior” possível para o Brasil.

Apesar dos esforços diplomáticos, as negociações não avançaram, e a reunião prevista entre o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e Jamieson Greer, chefe do Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR), foi cancelada.

Estratégia americana e impactos comerciais

Documentos recentes divulgados pelo USTR apontam que os EUA consideram o Brasil um país com tarifas de importação relativamente altas em diversos setores, como tecnologia da informação, maquinário industrial, produtos químicos, vestuário e siderurgia. Essa visão pode ter influenciado a decisão de Trump, que nas últimas semanas vinha estudando dois cenários: a imposição de uma tarifa única de 20% para todos os países ou a adoção de tarifas diferenciadas, levando em conta as barreiras tarifárias de cada nação.

A administração americana justifica as medidas como uma forma de equilibrar a balança comercial e proteger a indústria nacional. Peter Navarro, um dos principais assessores de Trump para comércio exterior, afirmou recentemente que as novas sobretaxas podem gerar uma arrecadação de até US$ 6 trilhões.

Reação do governo brasileiro

Diante do cenário adverso, o governo brasileiro busca estratégias para mitigar os efeitos das novas tarifas. Entre as medidas discutidas está a criação de um arcabouço legal que permita respostas rápidas a barreiras protecionistas que impactem o comércio exterior.

No Senado, o governo conseguiu apoio da bancada ruralista para aprovar, por unanimidade, um projeto de lei que impõe regras de reciprocidade ambiental e comercial nas relações internacionais do Brasil. A proposta segue agora para a Câmara dos Deputados.

Apesar dos esforços, a imprevisibilidade marca as relações entre Brasil e Estados Unidos. Com decisões altamente concentradas na figura de Trump, autoridades brasileiras aguardam o anúncio das novas tarifas para entender a real extensão dos impactos sobre a economia nacional.

(Com informações de Folha de S.Paulo)
(Foto: Reprodução/Freepik/kutsallenger)

Julia Stoever

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Julia Stoever
Tags: sindical

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