Federação Nacional dos Trabalhadores em Tecnologia da Informação

China mobiliza exército de robôs movidos por IA em disputa comercial global

China mobiliza exército de robôs movidos por IA em disputa comercial global

Fábricas chinesas estão implementando máquinas com Inteligência Artificial em ritmo acelerado

China – A China está contando com um contingente robótico alimentado por inteligência artificial como trunfo em sua disputa comercial com Estados Unidos e outras nações. Em ritmo vertiginoso, fábricas em todo o território nacional estão passando por processos de automação.

Essa estratégia, que está revolucionando o setor manufatureiro, tem como base robôs industriais que reduzem custos operacionais e elevam a qualidade da produção. Com engenheiros e técnicos supervisionando frotas de máquinas, as indústrias chinesas conseguem manter preços competitivos em produtos exportados, driblando as tarifas elevadas impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

LEIA: Desgaste de Musk e vendas em queda: Lucro da Tesla despenca 71% em 2025

Segundo a Federação Internacional de Robótica, a China já supera Estados Unidos, Alemanha e Japão em automação fabril, ocupando o terceiro lugar global em robôs industriais por 10 mil trabalhadores — atrás apenas de Coreia do Sul e Cingapura. O avanço é impulsionado por diretrizes governamentais e investimentos em larga escala, posicionando o país para dominar globalmente a produção industrial em massa.

Visão estratégica e inovação local

He Liang, fundador da Yunmu Intelligent Manufacturing, líder em robôs humanoides, destacou o plano nacional: “A expectativa para os robôs humanoides é criar outra indústria como a dos carros elétricos. Sob essa perspectiva, trata-se de uma estratégia nacional”.

Em Guangzhou, o empresário Elon Li, dono de uma oficina de metalurgia, investiu US$ 40 mil em um braço robótico com IA, que observa e replica soldagens humanas. “Antes, eu nunca imaginaria investir em automação”, admitiu Li, ressaltando que “uma máquina pode funcionar 24 horas”, diferentemente de um funcionário.

Grandes indústrias e o salto tecnológico

Na fábrica da montadora Zeekr, em Ningbo, o número de robôs saltou de 500 para 820 em quatro anos. Equipamentos automatizados transportam lingotes de alumínio, operam fornalhas e soldam carrocerias em áreas denominadas “fábricas escuras”, onde máquinas trabalham sem iluminação ou presença humana.

Embora humanos ainda realizem tarefas complexas, como instalação de fiações e inspeção de qualidade, a IA está assumindo até mesmo verificações finais. Pinky Wu, funcionária da Zeekr, explicou: “A maioria dos trabalhos dos nossos colegas envolve sentar em frente a um monitor de computador”.

Domínio global e iniciativas governamentais

Enquanto fábricas ocidentais dependem de equipamentos chineses, o país consolidou sua liderança através de aquisições, como a alemã Kuka, e programas como “Made in China 2025”, que priorizou a robótica há uma década. Recentemente, Pequim ordenou que montadoras testassem robôs humanoides em linhas de produção, gerando avanços mesmo em tarefas básicas.

Em eventos simbólicos, como a meia-maratona de Pequim com 20 robôs participantes, o governo reforça seu compromisso com a inovação. O primeiro-ministro Li Qiang destacou planos para “desenvolver vigorosamente” robótica inteligente, apoiados por um fundo de US$ 137 bilhões para tecnologias avançadas.

Desafios e preocupações

A China forma anualmente 350 mil engenheiros mecânicos, contra 45 mil nos EUA — vantagem que Jonathan Hurst, da Agility Robotics (EUA), reconhece como crítica: “Encontrar funcionários qualificados tem sido um dos maiores desafios”.

Porém, trabalhadores como Geng Yuanjie, operador de empilhadeira na Zeekr, expressam inquietação: “Consigo sentir a tendência em direção à automação”, disse, temendo que sua formação seja insuficiente para acompanhar a mudança. “Não é só uma preocupação minha — todo mundo se preocupa com isso”, concluiu.

Enquanto robôs assumem postos, a China redefine não apenas sua economia, mas o futuro do trabalho em escala global.

(Com informações de O Globo)
(Foto: Reprodução/Freepik/pixelshunter)

Compartilhe:

Outras publicações