Ciberataques – A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) divulgou, nesta terça-feira (2), uma análise que antecipa os principais riscos para o próximo ano, reforçando a necessidade de preparar o Estado e a sociedade diante de ameaças emergentes, com destaque para desafios tecnológicos.
O documento, chamado Desafios de Inteligência Edição 2026, reúne estudos de universidades, centros de pesquisa e órgãos públicos em temas como clima, tecnologia, migrações e cenário internacional.
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Um eixo central do relatório trata do avanço tecnológico. A Abin vê a evolução da inteligência artificial como um potencial “agente ofensivo autônomo”, capaz de planejar e ajustar ataques cibernéticos, aumentando a possibilidade de incidentes graves, inclusive com reflexos militares.
A agência também alerta para a dependência nacional de hardwares estrangeiros e de infraestruturas dominadas por big techs. Essa concentração, afirma o documento, compromete a autonomia digital do país e abre espaço para manipulação algorítmica, espionagem e guerra cognitiva.
O relatório destaca ainda a necessidade urgente de migração para criptografia pós-quântica, diante da previsão de que os atuais sistemas se tornarão obsoletos nos próximos anos.
Cadeias de suprimento e geopolítica
O cenário global, segundo a Abin, vive um período de “reconfiguração profunda”, marcado por disputas estratégicas entre EUA e China. O país, nesse contexto, enfrenta uma “dupla dependência”: o comércio de commodities com a China e a necessidade de capital e tecnologia ocidentais.
A agência aponta também a desglobalização deliberada, a reorganização das cadeias produtivas e o uso de instrumentos econômicos como pressão política, além da escalada de tensões militares na América Latina – inclusive em áreas próximas ao Brasil.
Crise climática
Na avaliação da Abin, a crise climática já produz impactos diretos na segurança do país. O ano de 2024 foi o mais quente da história, com aceleração de eventos extremos como a seca amazônica e as enchentes no Rio Grande do Sul. As perdas associadas chegam a bilhões de reais anuais e afetam setores como energia, agricultura e abastecimento.
O relatório menciona ainda o avanço do nível do mar, riscos à produção de alimentos e a intensificação de pragas agrícolas até o fim do século.
Mudança demográfica
O documento também projeta efeitos da mudança demográfica mundial, marcada pelo aumento da longevidade e pela queda da fecundidade. Para o Brasil, essa dinâmica soma-se à saída de profissionais qualificados e ao crescimento da entrada de estrangeiros, o que pode pressionar serviços públicos e a segurança de fronteiras.
A Abin observa que a América do Sul se tornou espaço de crescente disputa entre potências interessadas em recursos como lítio, petróleo, terras raras e na própria Bacia Amazônica – reforçando que o país deve se preparar para esse ambiente competitivo e instável.
(Com informações de Agência Brasil)
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