Conheça a IA da ‘trapaça’, feita para quem quer levar vantagem em tudo
IA – Uma empresa envolvida em controvérsias está no centro de debates sobre ética, privacidade e o alcance do impacto da inteligência artificial na vida das pessoas. Criada no início de 2025, a Cluely se apresenta como um recurso discreto para “trapacear” em entrevistas de emprego e outros contextos do dia a dia. Em manifesto em seu site, uma frase se destaca: “Nós queremos trapacear (cheat, inglês) em tudo”.
O texto prossegue explicando: “Ligações de vendas, reuniões, negociações. Se há um jeito mais rápido de vencer — nós vamos querer”.
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A ferramenta foi desenvolvida por três jovens da Universidade de Columbia: Roy Lee, de 21 anos, seu melhor amigo Neel Shanmugam, também 21, e o colega de quarto Alex Chen, de 27 anos. O objetivo declarado do trio é ambicioso: fazer com que as pessoas não precisem mais pensar por si mesmas.
O sistema analisa em tempo real o conteúdo consumido pelo usuário. Com essas informações e um amplo banco de dados, a tecnologia fornece respostas instantâneas durante conversas, auxiliando o raciocínio dos assinantes.
A startup de São Francisco revelou na última sexta-feira, 20, uma rodada de investimentos de US$ 15 milhões, liderada por Andreessen Horowitz.
No comunicado, os investidores elogiaram as ações da companhia como “baseadas em estratégia deliberada e intencionalidade” — afirmando que geraram “notável reconhecimento de marca e espaço na mente do consumidor”. Segundo os investidores, isso resultou em “receita significativa com assinaturas de consumidores” para suas ferramentas de produtividade, conforme a Bloomberg.
Apesar do sucesso recente, o início da trajetória do cofundador Lee teve contratempos. Ele foi expulso da Universidade de Columbia no começo do ano, após criar uma ferramenta chamada Interview Coder, que auxiliava candidatos a “trapacear” em entrevistas técnicas com ajuda de IA.
“Eu fui completamente chutado para fora da faculdade. LOL (abreviatura que em inglês significa ‘rindo em voz alta’)”, publicou o ex-estudante no LinkedIn.
As polêmicas se estendem além da ética. Os criadores afirmam que só contratarão engenheiros renomados e influenciadores com mais de 10 milhões de visualizações.
O CEO ainda declarou que não pretende contratar para outros cargos: “Só existem dois papéis aqui. Ou você está construindo o produto, ou fazendo ele viralizar”, destacou no podcast Sourcery, em 21 de junho.
Na cultura da Cluely, dedicação extrema ao trabalho é valorizada. “Seu trabalho deve ser sua vida, e vice-versa”, diz Lee, descrevendo rotinas onde funcionários acordam, labutam o dia todo e dormem no sofá como ideais.
Para Lee, o equilíbrio entre vida pessoal e profissional é um “mito”. Ele crê que o sucesso exige que os colaboradores estejam “totalmente imersos” na empresa.
Embora controversa, Lee garante a adesão da equipe. “Todo mundo está alinhado com essa loucura”.
Analistas veem fundamento nas controvérsias. Alison Taylor, professora da Universidade de Nova York e especialista em ética, afirma que a trajetória da startup representa um “grotesco descompasso moral”. Em publicação no LinkedIn, Taylor criticou o conceito de “contornar tudo”.
“Eles iniciam uma campanha agressiva de marketing e anunciam planos de contratar 50 estagiários para postar constantemente no TikTok. Afinal, nada mais legal do que desligar o cérebro, certo?”
Sobre o investimento, comentou: “Os investidores-anjo babam. Os grandes investidores também se empolgam. Em junho, a16z, de Marc Andreessen, injetou US$ 15 milhões na startup, elogiando a ‘visão ousada’ dos fundadores”.
A analista também ponderou sobre os efeitos cognitivos. “Enquanto isso, o MIT revela que o uso de IA praticamente destrói a capacidade cognitiva e o pensamento crítico”.
Embora o debate ético sobre IAs não seja novo, ele não parece frear a Cluely. “Nós estamos apenas começando”, publicou Lee recentemente no LinkedIn.
(Com informações de Exame)
(Foto: Reprodução/Freepik/pikisuperstar)
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