Defasagem da tabela do IR – Diante das discussões em curso a respeito da reforma tributária, as centrais sindicais elegeram algumas mudanças que precisam ser feitas no sistema tributário brasileiro para uma incidência mais justa e progressiva. Dentre esses pontos, a Feittinf (Federação Interestadual dos Trabalhadores em Tecnologia da Informação) destaca a defasagem alarmante na tabela do Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF), que chega a 164%.
Isso significa que um trabalhador com salário de até R$ 5.064,50 deveria ser isento de pagar o imposto. No entanto, a defasagem faz com que esses trabalhadores paguem a alíquota máxima, de 27,5%, mesma porcentagem paga pelo 1% da população que detém 47% da renda do país.
LEIA: Afastamento do trabalho por saúde mental dispara 20%, aponta pesquisa
A última atualização integral da tabela do IRPF ocorreu em 2015, durante o governo de Dilma Rousseff. Desde então, os governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro não promoveram nenhuma atualização, o que na prática resultou em um aumento de impostos sobre os trabalhadores. O atual governo do presidente Lula prometeu isentar do imposto aqueles que ganham até R$ 5 mil até 2026. No entanto, até o momento, apenas a primeira faixa da tabela foi ajustada, acumulando ainda uma defasagem de 122%.
Presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) e do Sindpd-SP (Sindicato dos Trabalhadores em Tecnologia da Informação de São Paulo), Antonio Neto critica a falta de atualização e defende a correção completa da tabela. “É inaceitável que a tabela do IRPF esteja tão defasada. Precisamos urgentemente recuperar toda essa defasagem, incluir uma nova faixa para os super-ricos e isentar o IR sobre a PLR, uma vez que os patrões não pagam imposto na distribuição de lucros e dividendos. É uma questão de justiça fiscal e de alívio para os trabalhadores assalariados”, afirma.
No Dia do Trabalhador, em 1º de maio de 2023, o Presidente Lula comprometeu-se com a demanda do Sindpd de isentar o IR sobre a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) para os trabalhadores. Esta medida é vista como um passo importante, mas ainda insuficiente diante da magnitude do problema.
Atualmente, um trabalhador que ganha R$ 5.064,50 paga cerca de R$ 349,66 na fonte, totalizando aproximadamente R$ 4.660,00 por ano em impostos.
“Uma política de atualização da tabela do IRPF significaria um ganho salarial maior do que qualquer negociação. Isso desafogaria a classe média assalariada, incentivaria a formalização do emprego e combateria a precarização com mecanismos fraudulentos como a pejotização.”, destaca Antonio Neto.
O presidente da CSB também apontou que muitas empresas se aproveitam da injusta tabela do IRPF para precarizar as relações de trabalho, utilizando-se de pejotização e outros mecanismos que enfraquecem os direitos dos trabalhadores e os deixam desamparados em caso de doença ou após o fim do contrato.
A atualização integral da tabela do IRPF é uma medida urgente para corrigir distorções e promover justiça fiscal no Brasil, beneficiando milhões de trabalhadores que hoje são penalizados por uma estrutura tributária defasada e injusta. “Alguns trabalhadores acabam se submetendo a esses modelos para fugir de uma tabela de IR que castiga o trabalhador e protege o empresariado”, finaliza o dirigente sindical.
(Foto: Joédson Alves/Agência Brasil)
Denúncia aponta que subsidiárias da Apple teriam usado minerais saqueados por grupos armados
Nova campanha do sindicato de TI paulista explica cláusulas da Convenção Coletiva de Trabalho através…
Medida altera a regra atual sobre o trabalho aos domingos e feriados, que desde 2021…