Federação Nacional dos Trabalhadores em Tecnologia da Informação

Déficit de profissionais de TI cai no Brasil, mas informalidade cresce

Déficit de profissionais de TI cai no Brasil, mas informalidade cresce

Estudo aponta que menos de 5% das matrículas em cursos superiores de tecnologia resultaram em diplomas, enquanto vagas formais seguem sem preenchimento

Profissionais de TI – Capacitações técnicas e programas de curta duração têm reduzido a carência de profissionais de tecnologia no Brasil, mas os postos que exigem diploma de curso superior e contrato formal permanecem em aberto. O aumento da informalidade e os elevados índices de abandono nas universidades são desafios para um mercado cada vez mais marcado pela “pejotização”.

Um estudo da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom) indica que o setor pode gerar até 147 mil novas vagas formais até 2025 no cenário mais favorável. Na projeção base, o número cai para 88 mil postos com carteira assinada.

LEIA: Formação acadêmica falha na preparação de profissionais de cibersegurança, diz pesquisa

A remuneração média dos profissionais formais do macrossetor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) subiu 15% entre 2023 e 2025, acima da média nacional (12%). Contudo, os contratos formais crescem em ritmo mais lento que os informais: entre 2022 e 2024, o número de profissionais sem carteira aumentou 13%, quase três vezes mais que os empregos registrados (4,5%). Os Microempreendedores Individuais (MEIs) registraram alta ainda maior – 18,2% no mesmo período.

Para Affonso Nina, presidente da Brasscom, o fenômeno reflete uma transformação estrutural no mercado, impulsionada por uma geração que prioriza a flexibilidade. Por outro lado, as mudanças nas leis trabalhistas após a reforma de 2017 incentivam a “pejotização”.

Desequilíbrio entre procura e formação

Enquanto a informalidade avança, o descompasso entre demanda e oferta de mão de obra qualificada persiste nos postos formais. Nos últimos cinco anos, o mercado requisitou 665 mil profissionais de tecnologia para vagas com carteira, mas a formação superior e técnica disponibilizou apenas 465 mil – um déficit de 30,2%.

Apesar da lacuna, o cenário melhorou: em 2021, o desalinhamento entre oferta e demanda era de 66,7%. Nina ressalta que o progresso em formações técnicas e cursos rápidos tem reduzido essa lacuna:

“Cursos com carga horária menor que a graduação suprem parte da demanda. Está longe do ideal, mas atendem necessidades básicas”, afirma.

Entre 2019 e 2023, os egressos de cursos técnicos em TIC cresceram 21,5%, enquanto as certificações em programas rápidos dispararam 587,1% (dados consideram apenas instituições federais).

Evasão universitária e disparidades

Apesar do aumento de 70,4% nas matrículas em graduações de TIC entre 2019 e 2023, o sistema enfrenta evasão recorde: em 2023, apenas 89.696 dos 1,8 milhão de matriculados concluíram os estudos – menos de 5%.

Nina ainda critica o desalinhamento entre formação acadêmica e demandas corporativas. “Muitos deixam os estudos por empregos com habilidades básicas, mas depois esbarram na falta de qualificação aprofundada”, afirma.

Os cursos de Análise e Desenvolvimento de Sistemas lideraram em formados (34 mil), seguidos por Computação e TIC (11,2 mil) e Ciência da Computação (9,3 mil).

O relatório também expõe desigualdades: em 2023, 82,1% dos formados eram homens, contra 17,9% de mulheres – alta de apenas 1,6% se comparado ao ano anterior. Quase metade (48,1%) se declarou branca e 32,6%, pretos e pardos.

(Com informações de O Globo)
(Foto: Reprodução/Freepik)

 

Compartilhe:

Outras publicações