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Fintechs querem furar bolha do crédito com novo consignado para CLT

Fintechs querem furar bolha do crédito com novo consignado para CLT

No entanto, há riscos; apesar da expectativa de maior inclusão financeira, as fintechs alertam par desafios técnicos e operacionais

Novo consignado – As fintechs, empresas que aliam tecnologia e serviços financeiros, estão de olho no potencial do novo crédito consignado privado para competir com os grandes bancos. No entanto, enxergam riscos na implementação inicial que podem comprometer a adesão ao novo modelo.

O sistema, lançado nessa quarta-feira (12) pelo governo federal, permitirá que trabalhadores com carteira assinada contratem empréstimos com desconto direto na folha de pagamento por meio da plataforma eSocial. A iniciativa visa ampliar o acesso ao crédito e incentivar a concorrência no setor.

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Apesar da expectativa de maior inclusão financeira, as fintechs alertam par desafios técnicos e operacionais. O principal ponto de preocupação é o processo de escrituração manual no MVP (Mínimo Produto Viável) do sistema. Atualmente, a efetivação do empréstimo depende da ação dos departamentos de Recursos Humanos das empresas, que precisarão registrar manualmente os contratos na folha de pagamento. Sem um processo automatizado, há o risco de atrasos ou falhas no repasse dos valores às instituições financeiras.

Outro fator apontado pelas empesas financeira digitais é ausência da garantia de FGTS no MVP inicial. Atualmente, a legislação permite que até 10% do saldo do fundo sejam utilizados como garantia. Sem esse respaldo, o risco de inadimplência pode aumentar, tornando o crédito mais caro para o trabalhador.

Atualmente, cerca de quatro milhões de trabalhadores já utilizam o crédito consignado privado, um número pequeno frente aos 42 milhões de trabalhadores celetistas que podem ter acesso ao novo modelo. No entanto, as fintechs temem que a concorrência com os grandes bancos não seja equilibrada.

Essas instituições já operam no segmento e possuem um histórico detalhado dos clientes, o que lhes confere uma vantagem na precificação e oferta de crédito. Sem o compartilhamento de informações no âmbito do Open Finance, as fintechs terão menos dados para avaliar o risco de crédito, o que pode dificultar a oferta de taxas competitivas.

Para diminuir esses desafios, as fintechs sugeriram ao governo algumas melhorias, como a automatização do processo de escrituração na folha de pagamento; definição de um fluxo centralizado para repasses e cobranças; implementação de mecanismo para inadimplência, pagamentos parciais e atrasos e ampliação do compartilhamento de dados entre instituições financeiras.

O governo argumenta que a Medida Provisória (MP) que regulamenta o novo crédito consignado trará obrigações legais para que empresas realizem a escrituração e os repasses corretamente, sob risco de sanções e multas. Além disso, associações de contadores e desenvolvedores de softwares e gestão já estão sedo mobilizados para facilitar a adaptação das empresas ao novo sistema.

Com o lançamento do MVP, a expectativa é de que ajustes sejam feitos ao longo do tempo. Uma nova rodada está marcada para o dia 27 de abril, e a Dataprev pretende seguir aprimorando a plataforma conforme a demanda.

(Com informações de Folha de S. Paulo)
(Foto: Reprodução/Freepik)

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