Os profissionais brasileiros sentem falta de interagir presencialmente com os colegas, mas perceberam que não precisam estar fisicamente com eles para executar um projeto ou realizar o trabalho do dia a dia. Quase 40% deles sente, inclusive, que a produtividade em casa é similar àquela que apresentavam no escritório, ao lado dos colegas. Apesar de um quinto deles relatar a preocupação a respeito de como serão avaliados no home office por seus chefes diretos, mais de 54% afirmaram que irão pedir à gestão pela continuidade do trabalho remoto no pós pandemia. Essas conclusões estão em um novo estudo, realizado por Fabian Salum, professor da área de Estratégia e Inovação da Fundação Dom Cabral, em parceria com a consultoria e auditoria Grant Thornton.
O estudo ouviu 705 profissionais, de 18 estados brasileiros, sendo 46% de 24 a 39 anos e 41% de 49 a 58 anos. Um quinto dos entrevistados ocupa uma posição de gestão, 5% são CEOs e 16% gerentes. Mais de 57% atuam no setor de serviços, 17% na indústria, 5,6% no varejo e 8% no agronegócio. A captação dos dados ocorreu entre 23 de março e 5 de abril.
As respostas, segundo análise do coordenador da pesquisa, Fabian Salum, indicam que não há um consenso a respeito da efetividade do trabalho remoto para as pessoas e para as empresas. “O que vemos, considerando um contexto de isolamento social, é que a experiência com home office gerou novas percepções, para indivíduos e empresas, mas não se sabe ainda como as mudanças de agora seguirão depois”, afirma. Entre as percepções novas, está a discordância total para 62% dos entrevistados de que precisam se encontrar com os colegas em “cafés, bibliotecas, coworking” para “trabalhar remotamente”.
Metade deles avalia que o espaço que possuem em casa, bem como as ferramentas disponíveis, são suficientes para trabalhar em casa. Nos comentários abertos da pesquisa, considerando 612 respondentes, apenas 15% relataram ter tido seu desempenho prejudicado diretamente por limites de infraestrutura e tecnologia. “Isso não significa dizer que eles não veem melhorias.
A análise qualitativa indica que há uma preocupação maior com a segurança das informações, com ataques cibernérticos e se essas ferramentas digitais de comunicação são seguras”, diz Salum. Mais de 53% do total da amostra, aliás, disse que precisou se envolver mais, durante o home office na pandemia, em grupos de comunicação interna (mensagens, chats, redes sociais e chamadas).
Entre os desafios apontados, apareceram a resistência de gestores e a não adequação da cultura empresarial ao home office. Somente um terço dos respondentes afirmou que seu gestor ou líder é “eficaz em ajudá-lo a lidar com o trabalho remoto”. “O home office, que veio forçado para muitas empresas, não exige só equipamentos. Mas também uma nova forma de liderar, de diálogo, de comunicação e para avaliar as pessoas, por exemplo”, diz Salum.
Ele cita uma diretora de RH de uma grande consultoria britânica que reconheceu a importância, por exemplo, do gesto de “abrir a câmera” durante uma reunião para se “aproximar” de seus liderados. “Embora não haja um consenso do impacto prático, com certeza a experiência na pandemia irá criar novos modelos de gestão no pós crise e novos protocolos de trabalho, comunicação e colaboração”, afirma Salum.
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