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Gigante chinesa planeja lançar delivery por drones no Brasil

Gigante chinesa planeja lançar delivery por drones no Brasil

Sistema já é amplamente utilizado na China, mas enfrenta obstáculos para implementação no Brasil

Drones – A Keeta, empresa de delivery controlada pelo grupo chinês Meituan, está de olho no mercado brasileiro e considera utilizar drones e veículos autônomos como parte de sua operação. O vice-presidente da Meituan, Tony Qiu, afirmou em entrevista à Folha de S.Paulo que a companhia já realizou mais de um milhão de entregas com essas tecnologias na China e planeja trazê-la ao Brasil.

Uma fonte ouvida pelo Tecnoblog, com conhecimento das estratégias da Keeta, confirmou que a empresa estuda soluções inovadoras de logística para atuar no país e fazer frente ao iFood, líder do setor.

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No entanto, Qiu ressaltou que o uso de drones depende das regras locais, que atualmente impedem operações em grande escala. Comparando com seu país de origem, ele declarou: “você já pode pedir comida por drones da Grande Muralha”.

Modalidade é possível no Brasil?

De acordo com a Keeta, o maior entrave para a adoção do delivery aéreo em larga escala no Brasil é a regulamentação vigente. Atualmente, operar drones de forma comercial requer aval de três instituições: a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o Departamento de Controle do Espaço Aéreo e a Anatel.

Além disso, é obrigatório o registro das aeronaves e a contratação de seguro para cobrir eventuais danos a terceiros.

No caso dos voos do tipo BVLOS (Beyond Visual Line of Sight), nos quais o drone percorre rotas além do alcance visual do operador (modelo ideal para entregas urbanas), a burocracia é ainda maior. Cada trajeto precisa passar por uma análise de risco e obter permissões específicas. No entanto, essa realidade pode mudar em breve.

A Anac iniciou em junho de 2025 uma consulta pública sobre uma nova proposta normativa, o RBAC nº 100, com o objetivo de flexibilizar as exigências atuais. O novo regulamento, que recebeu contribuições da sociedade até 18 de julho, propõe maior autonomia para as empresas que consigam comprovar que suas operações são seguras.

A intenção é permitir que operadoras demonstrem à Anac que compreendem e controlam os riscos envolvidos, abrindo caminho para inovações e incentivando o uso de drones em entregas de grande escala.

iFood já testou entrega por drones

A entrega por drones já foi testada no Brasil. O iFood, maior empresa do setor no país, realizou experimentos com essa tecnologia em duas ocasiões, em parceria com a startup Speedbird Aero.

O primeiro teste ocorreu em 2020, em Campinas, com uma rota de 400 metros que conectava a praça de alimentação de um shopping até um droneport. De lá, um entregador convencional finalizava o trajeto até o consumidor.

Já em 2022, a empresa recebeu da Anac a primeira autorização oficial para entregas comerciais com drones. A licença permitia voos de até 3 km, inclusive sobre áreas urbanas, e foi utilizada em Aracaju. Nessa operação, o drone atravessou o rio Sergipe, ligando um shopping à cidade vizinha de Barra dos Coqueiros. O percurso, que por terra poderia levar quase uma hora, foi feito em cerca de cinco minutos pelo ar.

Apesar do sucesso dos testes, a solução não foi expandida e segue como uma iniciativa isolada, sem aplicação regular na operação do iFood.

(Com informações de Tecnoblog)
(Foto: Reprodução/Freepik/lucegrafiar)

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