Federação Nacional dos Trabalhadores em Tecnologia da Informação

Governo redefine regras para uso de dados de usuários de serviços essenciais

Governo redefine regras para uso de dados de usuários de serviços essenciais

Medida busca tornar a análise de concessão de benefícios mais eficaz, além de aumentar a segurança dos dados

Uso de dados – O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) abriu uma consulta pública para regulamentar o Decreto 12.428, voltado ao uso de dados de endereço fornecidos por empresas de serviços essenciais – como telecomunicações, abastecimento de água e energia elétrica.

A proposta visa otimizar os procedimentos de concessão e revisão de benefícios da seguridade social, em especial o Benefício de Prestação Continuada (BPC). Segundo a pasta, a medida visa aprimorar a gestão pública e assegurar mais clareza e proteção no uso de informações pessoais.

LEIA: Pesquisa revela alto custo energético da IA na criação de vídeos

Objetivos

O Decreto 12.428, editado em abril de 2025 e recentemente revisitado, detalha o artigo 3º da legislação que compõe o pacote de ajustes fiscais aprovado pelo Congresso em dezembro de 2024.

Um dos principais pontos do texto é a obrigatoriedade de que empresas responsáveis por serviços públicos – como energia elétrica, água e telefonia – compartilhem dados cadastrais, em especial os endereços físicos dos usuários.

Esse compartilhamento com o Ministério da Gestão permitirá uma checagem mais rigorosa dos critérios para a concessão de benefícios sociais, contribuindo para a prevenção de fraudes e assegurando que os auxílios públicos sejam direcionados aos cidadãos que realmente necessitam. A principal atenção recai sobre o BPC, ferramenta essencial de apoio a populações em situação de vulnerabilidade.

Garantias de privacidade

Um dos pontos centrais da proposta é o cuidado com a segurança no manuseio das informações. O decreto determina que os dados sejam compartilhados utilizando pseudinimização – técnica que dificulta a identificação direta dos indivíduos. Por exemplo, trechos do CPF dos usuários poderão ser mascarados com caracteres genéricos, impedindo o reconhecimento imediato sem o uso de informações complementares, que permanecerão protegidas em ambientes seguros.

Esse modelo segue padrões reconhecidos internacionalmente de proteção de dados. A pseudonimização também permite que os órgãos responsáveis conduzam suas análises com segurança, sem comprometer informações sensíveis.

Consulta pública

O MGI disponibilizou uma consulta pública sobre o decreto, ou seja, qualquer interessado – incluindo cidadãos, especialistas e entidades – envie sugestões e comentários sobre o conteúdo da regulamentação.

O prazo para envio de sugestões vai até o dia 3 de junho de 2025. As propostas recebidas serão consideradas na versão final do texto normativo, com o objetivo de garantir que a medida reflita tanto as necessidades da população quanto os princípios de clareza, proteção de dados e eficiência na administração pública.

Essa estratégia fortalece os mecanismos democráticos na formulação de políticas públicas e pode aumentar a confiança dos usuários nos processos de uso e cruzamento de informações para fins sociais.

Impactos para prestadoras de serviços e beneficiários

Para as concessionárias e demais empresas que oferecem serviços essenciais, o novo decreto exige mudanças operacionais. Será necessário adaptar sistemas e processos para assegurar o envio das informações de forma pseudonimizada, o que pode implicar investimentos em tecnologia e capacitação de pessoal.

Por outro lado, os cidadãos que recebem o BPC e outros auxílios sociais tendem a ser favorecidos por um processo mais eficiente, com menor risco de erros e tentativas de fraude, o que pode acelerar o acesso aos benefícios legais.

Apesar dos ganhos esperados, a medida traz consigo obstáculos operacionais e tecnológicos. A integração entre os sistemas das prestadoras e a base de dados do Ministério da Gestão precisa ocorrer de forma segura e ágil, evitando falhas que comprometam a confidencialidade dos dados. A pseudonimização oferece uma camada de proteção, mas exige vigilância contínua e procedimentos rigorosos.

(Com informações de It Show)
(Foto: Reprodução/Freepik)

Compartilhe:

Outras publicações