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Imposto de Renda Mínimo para compensar isenção pode gerar superávit e afetar apenas milionários

Imposto de Renda Mínimo para compensar isenção pode gerar superávit e afetar apenas milionários

Estudo aponta que alíquota mínima proposta para compensar aumento da isenção do IR dificilmente afetará rendas inferiores a R$ 1 milhão

Imposto de Renda Mínimo – O Imposto de Renda Mínimo proposto pelo Ministério da Fazenda para compensar a desoneração de quem ganha até R$ 7.000 ao mês deve impactar principalmente contribuintes com renda anual superior a R$ 1 milhão e pode superar em mais de R$ 10 bilhões o custo da desoneração. É o que aponta estudo publicado no Observatório de Política Fiscal do FGV Ibre, do economista Sérgio Gobetti.

A proposta prevê a aplicação de uma alíquota efetiva mínima de 10% sobre rendimentos superiores a R$ 600 mil anuais. No entanto, Gobetti avalia que, devido ao mecanismo que considera toda a tributação da pessoa física, é improvável que o tributo atinja rendas inferiores a R$ 1 milhão.

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Impacto sobre diferentes faixas de renda

O estudo apresenta uma simulação de como o imposto afetaria diferentes níveis de renda, considerando a composição dos ganhos e os valores já pagos de tributos. Veja abaixo:

Renda Salários Juros Dividendos IR pago IR mínimo (%) IR mínimo Imposto adicional
600.000 100.000 250.000 250.000 48.608 0 0 0
650.000 100.000 275.000 275.000 52.358 0,8 10.000 0
700.000 100.000 300.000 300.000 56.108 1,70 20.000 0
750.000 100.000 325.000 325.000 59.858 2,5 30.000 0
800.000 100.000 350.000 350.000 63.608 3,30 40.000 0
900.000 100.000 400.000 400.000 71.108 5 60.000 0
1.000.000 100.000 450.000 450.000 78.608 6,7 80.000 1.392
1.100.000 110.000 495.000 495.000 87.558 8,3 100.000 12.442
1.200.000 120.000 540.000 540.000 96.508 10 120.000 23.492
1.300.000 130.000 585.000 585.000 105.458 10 130.000 24.542
1.400.000 140.000 630.000 630.000 114.408 10 140.000 25.592
1.500.000 150.000 675.000 675.000 123.358 10 150.000 26.642
2.000.000 200.000 900.000 900.000 168.108 10 200.000 31.892
3.000.000 200.000 1.400.000 1.400.000 243.108 10 300.000 56.892
4.000.000 200.000 1.900.000 1.900.000 318.108 10 400.000 81.892
5.000.000 200.000 2.400.000 2.400.000 393.108 10 500.000 106.892

De acordo com Gobetti, a desoneração dos rendimentos de até R$ 7.000 mensais deve custar cerca de R$ 25 bilhões em 2026, valor próximo ao divulgado pelo governo. Entretanto, a arrecadação com o imposto mínimo poderia gerar R$ 41,7 bilhões, caso a distribuição de dividendos mantenha o ritmo de 2022.

Se houver uma redução de 40% na distribuição de lucros, a arrecadação cairia para R$ 22 bilhões, mas ainda seria suficiente para cobrir o custo da desoneração. Adicionalmente, a retenção de dividendos remetidos ao exterior poderia gerar mais R$ 11,3 bilhões, consolidando um superávit para as contas do governo federal.

Desafios e perspectivas

Apesar do saldo positivo, ele alerta que estados e municípios podem perder receita devido à queda do imposto retido na fonte dos servidores com salários até R$ 7.000. No entanto, essas perdas poderiam ser compensadas pela redistribuição de 48% da receita arrecadada com a tributação dos dividendos.

O economista também enfatiza a importância de não desidratar a proposta do governo no Congresso, garantindo que os recursos arrecadados sejam utilizados para reduzir a tributação do consumo e ampliar a progressividade do sistema tributário brasileiro.

(Com informações de Folha de S. Paulo)
(Foto: Reprodução/Freepik/leonidassantana)

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