Destaque

Influencers CLT: postagens sobre rotina profissional exige cuidados

Influencers CLT – Mostrar a rotina de trabalho nas redes sociais virou prática comum entre os chamados “influencers CLT”. Esse movimento já deu visibilidade e até renda extra para muitos trabalhadores, mas também tem gerado incômodo dentro das empresas e, em alguns casos, terminou em desligamentos.

O motivo? Falta de alinhamento entre o que o colaborador publica e a imagem que a companhia deseja passar. Especialistas alertam que, embora não exista proibição legal para que funcionários conciliem o emprego com a criação de conteúdo, há limites importantes a respeitar.

LEIA: Youtube deve colaborar no controle de publicidade infantil, decide Justiça

O que não pode ser publicado

Segundo Carolina Dostal, diretora regional da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-SP), alguns pontos devem ser regra para quem compartilha o dia a dia de trabalho.

• Não divulgar informações confidenciais da empresa;
• Evitar postar telas de computador, reuniões estratégicas ou lançamentos;
• Preservar colegas, clientes e gestores, sem expor conversas ou fofocas;
• Evitar polêmicas, erros de português e fake news;
• Nunca falar mal do empregador em público.

A advogada trabalhista Juliane Facó complementa. “O que não pode é comprometer a atividade principal, nem gerar concorrência ou danos à imagem da empresa.”

Casos reais

A psicóloga Thamiris Castro, de 30 anos, viralizou ao mostrar curiosidades da sua rotina em presídios no Rio de Janeiro. Um ano depois, acabou demitida. Ela acredita que o uso das redes influenciou na decisão. “Nunca recebi advertência. Se fosse um problema, poderiam ter me dado a chance de ajustar o conteúdo. Faltou diálogo.”

Já a influenciadora e profissional de marketing Geovanna Pedroso, 23, conciliava o trabalho em agências com a produção de vídeos sobre moda e comportamento. Apesar de nunca expor sua empresa, sofreu represálias e foi desligada em um corte de pessoal. Desde então, vive apenas da internet, mas com instabilidade.

O jovem Yuri Santos, 23, ex-assistente de social media, também enfrentou a demissão. Mas, no seu caso, a visibilidade trouxe novas oportunidades, inclusive em outra empresa. “Existe um antes e depois. Aprendi a gostar de aparecer e de produzir conteúdo”, conta.

Empresas ainda não sabem como lidar

Para Leandro Oliveira, diretor da Humand no Brasil, muitas companhias perdem oportunidades ao ver os “influencers CLT” apenas como risco. “Se o colaborador já tem presença digital forte, por que não unir forças e transformar isso em parte do trabalho?”, questiona.

O comunicador Dado Schneider concorda e aponta um problema cultural: “A maior parte das demissões acontece por inveja ou ciúme profissional. Alguns passam dos limites, mas a maioria mais ajuda do que atrapalha.”

Já a especialista em saúde emocional corporativa, Jéssica Palin Martins, lembra que, no fim das contas, trata-se apenas de uma forma de renda extra. “Se não atrapalha a entrega de resultados, não deveria ser problema. É como vender trufas ou trabalhar como garçom à noite.”

Especialistas defendem que as empresas criem regras claras, ofereçam treinamento e até aproveitem o potencial desses funcionários. “O ideal é reconhecer o esforço como parte da cultura da organização e remunerá-lo”, afirma Oliveira.

(Com informações de g1)
(Foto: Reprodução/Freepik/diana.grytsku)

Julia Stoever

Publicado por
Julia Stoever
Tags: sindical

Veja Também

  • Destaque

GSI autoriza armazenamento de dados sigilosos em nuvem

Nova norma libera uso de computação em nuvem para informações reservadas e secretas, desde que…

13 horas atrás
  • Destaque

Caso de menino ‘amigo’ do ChatGPT reacende alerta sobre laços emocionais com IAs

Apesar de criança ter tido conversa inocente com chatbot, relato viral do pai trouxe debate…

14 horas atrás
  • Destaque

Empresas de TI apostam em times híbridos para atrair profissionais qualificados

Com mais de 300 mil vagas abertas, empresas do setor têm adotado modelos flexíveis de…

14 horas atrás