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Investimento da Nvidia na OpenAI levanta preocupação sobre ‘bolha da IA’

Investimento da Nvidia na OpenAI levanta preocupação sobre ‘bolha da IA’

Aporte bilionário da fabricante de chips na criadora do ChatGPT levanta temores de financiamento circular e dúvidas sobre sustentabilidade do setor

OpenAI – A fabricante de chips Nvidia anunciou nesta semana que investirá até US$ 100 bilhões (cerca de R$ 530 bilhões) na OpenAI, em um movimento que marca uma nova fase da corrida global pela inteligência artificial. O objetivo é sustentar a expansão de data centers equipados com chips da própria Nvidia, o que levantou debate sobre o risco de uma bolha no setor.

Segundo analistas, o arranjo pode configurar uma dinâmica de “financiamento circular”, já que a empresa injeta capital em players que, em seguida, compram suas GPUs de alto custo. “A ação claramente alimentará preocupações circulares”, escreveu Stacy Rasgon, da Bernstein Research, em nota a investidores.

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Essa inquietação não é nova. Apenas em 2024, a Nvidia participou de mais de 50 investimentos de risco em startups de IA, número que deve ser superado neste ano, de acordo com a PitchBook. Muitas dessas empresas acabam destinando parte do aporte para adquirir hardware da própria companhia. No entanto, Rasgon ressalta que o investimento na OpenAI “parece eclipsar todos os outros” e provavelmente intensificará as críticas sobre a lógica da estratégia.

A Nvidia afirmou que o dinheiro não será usado para compras diretas de seus produtos.

Incertezas no setor

O movimento acontece em um cenário de crescente desconfiança quanto à sustentabilidade da febre da IA. Além da Nvidia, gigantes como Microsoft e Amazon também aportaram bilhões em startups de ponta para fortalecer suas plataformas de nuvem. Mas a posição dominante da fabricante de chips em tecnologia essencial para treinar modelos de última geração a coloca como a maior beneficiária desse ciclo.

A OpenAI, por sua vez, busca ganhar fôlego financeiro e acesso a infraestrutura em larga escala, já que ainda opera no vermelho. O CEO da empresa, Sam Altman, reconheceu recentemente que as avaliações de algumas startups do setor “podem não fazer sentido”, embora defenda a necessidade de investir “trilhões” em infraestrutura.

Para Jay Goldberg, da Seaport Global Securities, o acordo é simbólico: “É como ter seus pais coassinando sua primeira hipoteca”. Ele acrescenta que a operação tem cheiro de financiamento circular e pode refletir um comportamento “típico de bolha”.

“Quando os tempos são bons, isso vai deixar tudo ainda melhor. Vamos crescer mais rápido; os números vão subir muito mais rápido. Mas quando o ciclo virar, e ele vai virar, isso torna tudo pior na descida”, disse.

(Com informações de O Globo)
(Foto: Reprodução/Freepik)

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