Negociação é paralisada na primeira rodada devido a subterfúgio usado pelos empresários para impedir diálogo; Sindpd fará acordo diretamente com as empresas
A negociação da Convenção Coletiva de 2020, realizada nesta sexta-feira (17), foi paralisada nos primeiros 15 minutos de discussão. O motivo: a insistência da comissão patronal de estabelecer, literalmente, premissas para dar prosseguimento à negociação, manobra utilizada nos últimos dois anos para evitar os debates e o acolhimento da pauta de reivindicação dos trabalhadores de TI, sobretudo no que corresponde ao aumento salarial. O Sindpd reivindica 6,48% de reajuste em todas as cláusulas.
“Todos os anos é a mesma coisa, os empresários colocam o “bode na sala” para tentar subjugar o sindicato a aceitar o corte de direitos e um aumento irrisório. Mas não vamos sucumbir a essa estratégia, sobretudo porque somos um sindicato de uma categoria que quer e exige respeito. No ano passado eles enrolaram o ano inteiro e só conseguimos resolver a questão na Justiça, fato que nos impediu de iniciar um processo de negociação direto com as empresas. Esse ano será diferente”, afirmou o presidente do Sindpd, Antonio Neto, logo após a paralisação das negociações.
Segundo o presidente, em 2019 os empresários fizeram a mesma manobra, tentando jogar o trabalhador contra o sindicato, para logo depois propor meia hora de almoço, o fim da PLR, fim do adiantamento salarial e um reajuste de 2,75%, o que não repunha sequer a inflação. “Por respeito à categoria decidimos não ouvir esse tipo de indecência novamente. Se eles quiserem negociar, que negociem. É melhor discutir diretamente com as empresas”, destacou.
A estratégia usada pelos patrões para bloquear o processo de negociação foi a de exigir que o sindicato abrisse mão das cláusulas que asseguram o financiamento da estrutura sindical, fato que fere a autonomia de organização e decisão assemblear da categoria.
“Sabemos que isso foi utilizado na mesa de negociação como uma premissa para impedir o avanço das discussões, pois a intenção patronal é tentar forçar o sindicato a aceitar um reajuste abaixo da inflação e a retirar outros itens da Convenção. Não vamos admitir falta de respeito com a categoria, muito menos prática antissindical na mesa de negociação”, disse Neto.
No início deste ano, o Sindpd já notificou grandes empresas do setor e as denunciou ao Ministério Público do Trabalho por práticas antissindicais. Prodesp, Totvs, BRQ, Tivit, Qintess (Resource), Nalba Technology e Hash Lab distribuíram circular para todos os funcionários com o objetivo de induzir os trabalhadores a não contribuírem com o sindicato, fato que fere a lei.
“A autorização de desconto, ou não, de contribuições em favor do Sindicato depende exclusivamente da vontade dos trabalhadores, e só pode ser exercida em Assembleia Geral. A relação entre trabalhadores e a entidade que os representa, é regulamentada pelo Estatuto do Sindicato. Nele estão os direitos e obrigações dos filiados e não filiados. Ele é a fonte de direito que fortalece a organização de trabalhadores e veda a intervenção de empregadores que busque instabilizar a liberdade sindical, afirma a notificação.
O Sindpd encaminhará para todas as empresas de São Paulo na semana que vem uma circular anunciando o início das negociações individuais, tendo por base a pauta aprovada nas assembleias de dezembro. Além disso, discutirá estratégias distintas para mobilizar e organizar os trabalhadores das empresas.
Na próxima semana faremos uma live com o presidente Antonio Neto para maiores esclarecimentos e tirar suas dúvidas.
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