Salário mínimo – O crescimento de 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no segundo trimestre é resultado da elevação dos salários dos trabalhadores brasileiros. A afirmação é da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp).
“Um dos reflexos desse dinamismo do mercado de trabalho tem sido a elevação dos salários, com crescimento real de 5,8% do rendimento médio do trabalho em junho de 2024 na comparação com o mesmo período do ano anterior”, diz a nota. De acordo com a Fiesp, além do forte ritmo de crescimento dos rendimentos ligados ao trabalho, a renda das famílias também tem crescido devido às transferências governamentais via benefícios de assistência e previdência social, além da elevação real do salário-mínimo.
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O país registrou a segunda maior expansão do PIB no mundo no segundo trimestre de 2024, surpreendendo analistas do mercado e deixando comentaristas econômicos “confusos” sobre os motivos que geraram um resultado tão positivo. No entanto, para a ministra do Planejamento, Simone Tebet, o motivo é de fácil compreensão e segue a mesma linha da Fiesp.
“(São) as políticas públicas acertadas, colocando mais recursos na mão de quem menos tem, ela faz efeito, porque o pobre não consegue poupar um único centavo, então quando você vem com a valorização do salário mínimo (aumento acima da inflação), quem ganha um, dois salários mínimos, coloca tudo isso no comércio. Eu ouso dizer que a maior política social do governo do presidente Lula não é nem o Bolsa Família, é a valorização do salário mínimo acima da inflação. É aquele provérbio: ‘Ganharás o pão com o suor do seu trabalho, mas será renumerado de forma justa’. Isso gera impacto no consumo”, disse Tebet na manhã desta quarta-feira (04), em entrevista ao jornal da CBN.
A ministra ainda opinou que o crescimento registrado no PIB foi um “crescimento de qualidade”, com expansão dos investimentos, da indústria e do comércio, sem depender da expansão do agronegócio, que apesar de historicamente ser o índice que “puxa” o PIB brasileiro, recuou 2,3% no período. “Do ano passado pra cá, foram 3 milhões de novos trabalhadores com carteira de trabalho assinada, com uma inflação dentro da meta, e é isso que precisamos comemorar”.
Na nota publicada, a Fiesp segue elencando motivos que geraram um aumento da massa salarial, estimulando o consumo das famílias. “Cabe destacar que a renda no 2º trimestre também foi potencializada pela antecipação do pagamento do 13º salário para aposentados, pensionistas e beneficiários de auxílios previdenciários do INSS. Neste cenário, estimamos que a massa salarial ampliada tenha crescido cerca de 11% em termos reais no 2º trimestre de 2024 na comparação com o mesmo período do ano anterior”.
Sobre o desempenho da indústria de transformação, a Fiesp entende que esse setor tem sido favorecido pelo bom desempenho da categoria de bens de capital e bens de consumo. A primeira categoria tem sido beneficiada pela melhora das condições de crédito e pela recuperação da confiança dos empresários.
Consumo das famílias é motor da economia
No primeiro semestre, o crescimento da produção de veículos pesados, como ônibus e caminhões, também contribuiu. Já a categoria de bens de consumo tem sido impulsionada pela expansão da renda, com destaque para o crescimento da produção de máquinas, aparelhos e materiais elétricos da chamada “linha branca”.
Para 2025, o governo prevê um reajuste de 6,87% no salário mínimo, subindo para R$ 1.509. Como a inflação esperada em 2024 deve ficar na casa dos 4,50%, trata-se do terceiro aumento real seguido no salário mínimo dos trabalhadores e trabalhadoras do país. Entre 2019 e 2022, a política de valorização do salário mínimo foi extinta pelo então governo de Jair Bolsonaro.
“A retomada da política de recuperação do poder de compra do salário mínimo, com os empregos formais em crescimento, é o grande motor desse crescimento econômico. Basta ver o aumento do consumo das famílias. Quando o desemprego diminui, a renda avança e o consumo cresce. A mercearia, o mercado, a loja, o restaurante, a lanchonete, todo mundo fatura mais. Isso vai impulsionando a economia e gera esse crescimento que estamos vendo agora”, opina Antonio Neto, presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB) e do Sindpd-SP (Sindicato dos Trabalhadores em Tecnologia da Informação de São Paulo).
Mesmo com a tentativa do mercado financeiro em deslegitimar a política, a medida se mostra mais uma vez bem-sucedida. O aumento real do salário mínimo também faz com que as negociações coletivas entre sindicatos e empresas avancem. Segundo estudo da Fipe (Fundação Instituto Econômico de Pesquisas), em 2023, 78,2% das negociações de acordo coletivo registraram aumento real de salários acima da inflação pela primeira vez desde 2018.
As negociações conduzidas por sindicatos em convenções e acordos no ano passado resultaram em aumento médio de 5,5%, o que representa ganho real de mais de um ponto percentual acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do período.
(Com informações de Agência Brasil e CBN)
(Foto: Reprodução)
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