Federação Nacional dos Trabalhadores em Tecnologia da Informação

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Presidente do Sindpd-SP defende atuação sindical diante dos impactos da IA no trabalho

Antonio Neto participou de debate promovido pela USP sobre IA nas relações de trabalho

Impactos da IA – O presidente do Sindpd-SP (Sindicato dos Trabalhadores em Tecnologia da Informação de São Paulo) e da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros), Antonio Neto, participou nesta terça-feira (25) de encontro virtual promovido pelo Núcleo de Tecnologias Avançadas e Direito do Trabalho da USP (NTADT/USP) dentro do eixo “IA nas Relações de Trabalho”.

Com o tema “A atuação do Sindpd-SP perante os impactos da IA nas relações laborais”, o dirigente apresentou a visão e as iniciativas do sindicato frente às transformações tecnológicas que já atingem a categoria e o mundo do trabalho.

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“Nós estamos vivendo uma verdadeira virada histórica. Durante muito tempo, quando se falava em inteligência artificial, a imagem que vinha à cabeça era a dos filmes de ficção científica. Hoje, não. Hoje a IA está na fábrica de software, nos escritórios, nos bancos, nos aplicativos de transporte e no bolso de cada um de nós”, disse na abertura de sua apresentação.

Segundo o sindicalista, que é fundador da Fenati, o desafio vai além da adoção tecnológica e abarca principalmente as transformações trazidas por ela. “A pergunta que nos traz aqui não é se a IA vai chegar, porque ela já chegou. A pergunta é muito mais profunda: como a inteligência artificial está mudando as relações de trabalho, o papel do ser humano e o próprio sentido de ter um emprego?”

Durante a palestra, Antonio Neto reforçou que o Sindpd-SP não enxerga a tecnologia como inimiga, mas como território político que precisa ser disputado. “Tecnologia e IA não são inimigas. O problema não é a máquina em si, é quem manda na máquina e com qual finalidade.”

Ele apresentou as quatro premissas que orientam a atuação do sindicato diante da IA, entre elas a necessidade de modernização sindical. “Os sindicatos precisam estar em permanente transformação e modernização. Se a forma de trabalhar muda, a forma de organizar, comunicar, negociar e formar também precisa mudar.”

Neto ressaltou que o risco maior não é o desemprego generalizado, mas a ampliação das desigualdades. “O emprego não desaparece em bloco, mas se reorganiza de forma desigual. E, se nada for feito, essa reorganização vai penalizar justamente quem tem menores salários, menos proteção, menos formação e menos voz.”

Formação e inovação sindical

O presidente também destacou iniciativas de inovação lideradas pelo Sindpd, como a plataforma de qualificação profissional Sindplay. “Nós não estamos apenas reagindo à IA. Estamos entrando no jogo da inovação para colocar a tecnologia a serviço dos trabalhadores.”

Segundo ele, o desafio maior está na formação das novas gerações. “O futuro exige pensar criticamente, criar, resolver problemas complexos e conviver com tecnologias inteligentes”, pontuou.

Governança algorítmica e negociação coletiva

Um dos pontos centrais da intervenção foi a defesa da negociação coletiva como instrumento imediato de proteção frente à automação. “Enquanto a lei não vem, a negociação coletiva passa a ser o principal instrumento de concretização do direito constitucional de proteção em face da automação.”

Neto apresentou exemplos concretos de cláusulas já conquistadas e que são pautas da Campanha Salarial 2026 do Sindpd, como proteção contra demissões coletivas e direito à desconexão, além de propostas voltadas à transparência algorítmica. “Isso é, na prática, governar a IA via negociação coletiva. É tirar o tema do campo da abstração e trazê-lo para o campo dos direitos concretos.”

Ele reforçou ainda que o Sindpd tem atuado de forma pioneira na construção de mecanismos de proteção e adaptação dos trabalhadores diante da automação.

“Se a inteligência artificial for introduzida nas empresas sem participação das entidades sindicais, ela tende a aprofundar desigualdades, intensificar a gestão algorítmica e fragilizar direitos. Mas, quando os sindicatos assumem o seu papel de garantir, por meio da negociação coletiva, transparência algorítmica, formação profissional e repartição dos ganhos de produtividade, a IA pode se tornar um vetor de trabalho decente, proteção social e redução de desigualdades.”

Neto lembrou que o artigo 7º, inciso XXVII, da Constituição, já garante aos trabalhadores proteção em face da automação, mas que o dispositivo ainda não foi regulamentado. Diante disso, a negociação coletiva torna-se central. “Enquanto essa lei não vem, a negociação coletiva passa a ser o principal instrumento de concretização desse direito constitucional.”

Encerrando sua participação, Neto sintetizou a posição estratégica do Sindpd-SP e deixou um recado direto: “A inteligência artificial não é o fim do trabalho. Ela é o começo de uma nova forma de trabalhar, produzir e se organizar. Inteligência artificial, sim, mas com justiça social, com ética, com humanidade e com trabalhadores no centro das decisões.”

Assista à apresentação na íntegra aqui:

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