Federação Nacional dos Trabalhadores em Tecnologia da Informação

Profissionais que usam IA são vistos como menos competentes, mostra pesquisa

Profissionais que usam IA são vistos como menos competentes, mostra pesquisa

Estudo da Duke University aponta resistência cultural como obstáculo à transformação digital nas empresas

IA – Uma pesquisa recente conduzida pela Duke University, nos Estados Unidos, identificou um fenômeno curioso no ambiente corporativo: profissionais que utilizam ferramentas de inteligência artificial no trabalho são frequentemente estigmatizados como preguiçosos ou menos competentes por seus colegas.

O estudo, que envolveu 4,4 mil participantes, revelou que essa percepção negativa pode criar barreiras invisíveis à adoção de tecnologias já amplamente disponíveis no mercado. De acordo com os pesquisadores, muitos entrevistados temem ser julgados por usar IA, como o ChatGPT, no desempenho de suas funções. Além de associarem esses profissionais à falta de diligência, algumas pessoas os enxergam como mais facilmente substituíveis em comparação com aqueles que não utilizam ferramentas de IA.

LEIA: OAB/RJ aciona STJ contra IA que vende petições por R$ 19,90

Um dos experimentos da pesquisa convidou participantes a descrever como percebiam colegas que recorriam à inteligência artificial para realizar tarefas. Os resultados foram contundentes: esses profissionais foram considerados “menos competentes em seus trabalhos, preguiçosos, menos independentes, menos autoconfiantes e menos diligentes”.

Em outra simulação, desta vez em um processo de contratação, candidatos que admitiam utilizar IA tinham menos chances de serem escolhidos, a não ser quando o avaliador também era usuário de ferramentas do tipo.

Para Ricardo Marsili, especialista em IA e CEO da M2br Academy, o problema não está na tecnologia em si, mas na cultura organizacional.

“O que vemos aqui não é um problema da tecnologia. Mas sim, um reflexo da falta de preparo das equipes para lidar com a transformação digital. É como se estivéssemos revivendo o mesmo preconceito que existia contra quem usava calculadoras há décadas”, afirma.

Ele destaca que a inteligência artificial deve ser vista como uma aliada e não como uma forma de “trapacear” ou “fazer menos”. “Usar inteligência artificial não é ‘trapacear’ ou ‘fazer menos trabalho’. É trabalhar de forma mais inteligente, focando o potencial humano onde ele realmente faz diferença: na criatividade, no pensamento crítico e na tomada de decisões estratégicas”, explica.

Marsili acrescenta que a resistência ao uso dessas ferramentas pode comprometer a competitividade das empresas. “Empresas que cultivam essa cultura de resistência à IA estão, na prática, escolhendo ser menos produtivas e inovadoras. É como decidir competir em uma corrida de Fórmula 1 com um carro de passeio, enquanto seus concorrentes usam toda tecnologia disponível”, compara.

Para mudar esse cenário, Ricardo defende uma reavaliação dos critérios de produtividade e competência. “Precisamos redefinir o que significa ser produtivo e competente no século XXI. Não se trata mais de quem trabalha mais horas ou quem memoriza mais informações, mas de quem consegue entregar os melhores resultados, independentemente das ferramentas utilizadas”, diz.

Ele recomenda que as empresas invistam em programas de letramento digital para desmistificar o uso da IA. “Quando todos entendem como a tecnologia funciona e quais são seus limites, o foco deixa de ser ‘quem está usando IA’. Passa a ser ‘quem está entregando as melhores soluções’. O verdadeiro diferencial está em como você aplica a ferramenta, não no fato de usá-la ou não”, conclui.

(Com informações de Terra)
(Foto: Reprodução/Freepik/cookie_studio)

Compartilhe:

Outras publicações