Criptografia – Pesquisadores das universidades da Califórnia em San Diego e de Maryland, nos Estados Unidos, conseguiram interceptar e decodificar transmissões enviadas por satélites. O estudo mostrou que ligações, mensagens, comunicações empresariais e até informações militares podem ser captadas sem grandes dificuldades técnicas.
Segundo reportagem da Wired, o projeto durou três anos e utilizou um equipamento de baixo custo, instalado no telhado de um prédio em San Diego. A estrutura, composta por uma antena e componentes simples, custou cerca de US$ 800 (aproximadamente R$ 4,4 mil).
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Os pesquisadores direcionaram a antena para diversos satélites ao longo de centenas de horas de observação. Os sinais coletados, embora discretos e de difícil identificação, não tinham nenhum tipo de criptografia. Após meses de decodificação, foi possível interpretar o conteúdo transmitido.
Ao final do experimento, os cientistas reuniram um grande volume de informações de diferentes naturezas. Entre os dados captados, havia trechos de ligações telefônicas e mensagens de texto de clientes da operadora americana T-Mobile.
As transmissões vinham de torres desconectadas do restante da rede, localizadas em regiões remotas que dependem de satélites para enviar os sinais às antenas conectadas por fibra óptica. Por essa razão, foi possível interceptar apenas um dos lados das conversas de voz e texto. Após ser notificada, a T-Mobile passou a aplicar criptografia nesses dados.
Além da T-Mobile, outras operadoras também tiveram seus sinais decodificados, assim como a navegação de passageiros em redes Wi-Fi de aviões comerciais.
O grupo ainda identificou comunicações relacionadas a infraestrutura crítica, incluindo plataformas marítimas de petróleo e gás e usinas elétricas.
Os pesquisadores conseguiram até mesmo captar dados de forças de segurança e militares dos Estados Unidos e do México, com informações sobre localização de pessoas, equipamentos e instalações.
Entre outros conteúdos interceptados, havia e-mails corporativos, registros de estoque do Walmart no México e transmissões destinadas a caixas eletrônicos de bancos como Santander México, Banjercito e Banorte.
Risco conhecido há tempos
A vulnerabilidade revelada pela pesquisa não é nova. Em 2022, a Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA) já havia alertado, em um documento público, sobre a possibilidade de interceptação de comunicações via satélite devido à ausência de criptografia.
Com base nessas evidências, os pesquisadores acreditam que a própria NSA, além de agências de inteligência da Rússia e da China, provavelmente exploram essa brecha há anos.
A solução, segundo eles, depende das empresas e instituições que utilizam esse tipo de transmissão. A recomendação é que passem a criptografar todos os dados enviados por satélite.
Antes de publicar os resultados do estudo, os cientistas entraram em contato com as companhias e órgãos afetados. Enquanto alguns, como a T-Mobile, reagiram rapidamente, outros não apresentaram resposta.
“Enquanto estivermos trabalhando para corrigir falhas de segurança, ficamos tranquilos com o que fazemos”, afirmou à Wired Aaron Schulman, professor da Universidade da Califórnia em San Diego e um dos líderes da pesquisa.
(Com informações de Tecno Blog)
(Foto: Reprodução/Freepik/stwul)