Golpe – Anúncios promovendo um suposto show da banda Pearl Jam no Brasil surgiram nos últimos dias no Instagram, mas se trata de uma tentativa de golpe. Os posts direcionam para um site falso que imita a plataforma de venda de ingressos Eventim, embora a banda norte-americana não tenha datas confirmadas no país.
Usuários da rede social X relataram o aparecimento das publicações durante o fim de semana. Rapidamente, os posts foram compartilhados com alertas sobre a fraude.
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Uma estratégia semelhante já havia sido usada para divulgar um suposto show da cantora Billie Eilish. Na ocasião, um perfil também oferecia ingressos por meio de um site que simulava o visual da organizadora de eventos e mencionava datas inexistentes.
Procurada pelo Canaltech, a Eventim informou que tomou medidas legais para barrar o uso indevido da marca e declarou: “não reconhece a venda de ingressos para o evento da Billie Eilish e/ou Pearl Jam”. A empresa também recomenda que os consumidores consultem os canais oficiais antes de realizar qualquer compra.
Páginas falsas e datas inventadas
O anúncio no Instagram exibe um pôster com os supostos shows e tenta reproduzir a estética da comunicação da Eventim nas redes sociais. As apresentações seriam realizadas em 13 e 20 de setembro, em São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ), respectivamente, datas que não aparecem nem no site da banda, nem no da organizadora.
Segundo uma publicação do usuário @jogosspfc na rede X, o post possui diversos comentários com emojis, levantando suspeitas sobre o uso de bots para simular engajamento.
O link do anúncio direciona a uma página com endereço genérico, mas com aparência quase idêntica à da plataforma de ingressos. Elementos como a URL diferente e a impossibilidade de clicar em itens do rodapé revelam indícios da fraude. Ainda assim, a página lista setores e exige login para prosseguir com a compra.
A Meta, responsável pelo Instagram, também foi contatada pela reportagem. Em nota, a empresa afirmou que atividades fraudulentas não são permitidas em suas plataformas e encorajou os usuários a denunciarem tentativas de golpe:
“Atividades que tenham como objetivo enganar, fraudar ou explorar terceiros não são permitidas em nossas plataformas e estamos sempre aprimorando a nossa tecnologia para combater atividades suspeitas. Também recomendamos que as pessoas denunciem quaisquer conteúdos que acreditem ir contra os Padrões da Comunidade do Facebook, das Diretrizes da Comunidade do Instagram e os Padrões de Publicidade da Meta através dos próprios aplicativos”.
Dicas para evitar golpes
Ao se deparar com anúncios de shows, especialistas recomendam sempre verificar os canais oficiais das bandas e organizadoras. Além do prejuízo financeiro, o golpe pode expor dados sensíveis e facilitar a infecção por malwares, como explica o pesquisador de cibersegurança da ESET, Daniel Barbosa:
“Todas as informações preenchidas nos formulários de cadastro ficarão em poder dos cibercriminosos, que podem usá-las para cometer outros tipos de golpe no futuro. Além disso, campanhas maliciosas frequentemente também são usadas para propagar malwares”.
Ele reforça que a atenção deve estar voltada especialmente ao link da venda. “Criminosos frequentemente tentam reproduzir a aparência de páginas oficiais de venda de ingressos, mas o link de acesso costuma divergir do original. Se a aparência da página não corresponder ao domínio legítimo, é sinal de que você provavelmente entrou em um ambiente malicioso”.
O que fazer em caso de golpe
Se você for vítima de um golpe desse tipo, há maneiras de tentar reverter o prejuízo. A advogada especializada em direito civil e do consumidor Amanda Cunha orienta a agir imediatamente.
“Ao identificar que foi vítima de um golpe envolvendo anúncio fraudulento, o usuário deve agir imediatamente. O primeiro passo é notificar a instituição financeira responsável pelo pagamento, solicitando o cancelamento da transação ou o estorno, alegando se tratar de uma fraude. Em seguida, é importante denunciar o conteúdo falso na própria rede social, como o Instagram, e nas plataformas envolvidas na venda. A vítima também deve registrar um boletim de ocorrência e reunir todas as provas (prints, e-mails, transações, URLs), pois, em caso de prejuízos financeiros e/ou emocionais, é possível ajuizar uma ação judicial para obter reparação por danos materiais e morais”, diz.
Ela ainda chama atenção para o risco de anúncios patrocinados transmitirem falsa legitimidade. “Quando um golpe é veiculado como anúncio patrocinado, o usuário pode entender que há uma chancela ou verificação da rede social, o que aumenta o nível de confiança e reduz a suspeita da fraude. Isso pode levar o consumidor a clicar no link e realizar pagamentos sem a devida cautela”.
(Com informações de Canaltech)
(Foto: Reprodução/Instagram)