O Governo Bolsonaro editou neste domingo (22) a MP 927/20, que já podemos chamar de MP da Perversidade. A Medida Provisória,que dispõe sobre as regras trabalhistas para enfrentamento do estado de calamidade pública provocado pela pandemia do coronavírus (COVID-19), é uma perversidade contra os trabalhadores brasileiros em um momento de profunda fragilidade e angústia daqueles que trabalham e produzem todos os dias.
Entre as maldades da MP está a exclusão das únicas e constitucionais entidades de representação dos trabalhadores, os sindicatos, na construção de entendimentos e acordos. Na Medida Provisória prevalece os acordos individuais de trabalho sobre os acordos coletivos, o que fragiliza sobretudo os trabalhadores mais vulneráveis. A MP promove um festival de ataques que vão do pagamento de férias à revelia, suspensão de exigências em saúde e segurança do trabalho, passando por alterações do contrato de trabalho a critério do empregador.
Entre as medidas, a suspensão do contrato por 4 meses é a mais agressiva. Basicamente a proposta é que milhões de pessoas vão para casa sem salário, apenas com benefícios como plano de saúde e a possibilidade de fazer um cursinho na internet qualquer para evitar perder o emprego. Como alguém consegue preservar a vida sem salário? Com a pandemia da precarização, quem não morrer com o coronavírus vai morrer de fome.
A Medida Provisória 927/2020 diz que tudo deverá ser negociado entre o patrão e o empregado individualmente, mas não precisa passar por acordo ou convenção coletiva. Ou seja, vai restar uma única alternativa a esses indivíduos terão o poder de dizer “sim, senhor(a)”
O Governo responsável pelo fim da previdência social no Brasil, que afetou, sobretudo, aqueles que hoje estão na linha de frente da pandemia, os servidores públicos e os mais vulneráveis, é o mesmo Governo que ataca a classe trabalhadora em pleno domingo.
Certamente nesta semana leremos manchetes, como já vem ocorrendo, que a trupe de Guedes e Bolsonaro irá queimar bilhões de dólares de reservas para atender a especuladores do sistema financeiro. Fora os quase 400 bilhões de incentivos fiscais que é assegurado a poucos bilionários, que seguem intocáveis.
Nós defendemos o diálogo para a manutenção dos empregos, mas não é com precarização e retirada de direitos que vamos garantir nossos empregos. Neste fim de semana, o MPT(Ministério Público do Trabalho) divulgou uma nota técnica conjunta que vai na contramão da famigerada MP 927/20.
Países que sempre foram símbolos do liberalismo econômico e do caricato “Estado mínimo“ estão garantindo uma remuneração decente e justa para que trabalhadores fiquem tranquilos em isolamento em suas casas. No Brasil, o Governo oferece 200 reais para os informais sobreviverem e empregos sem salários para os trabalhadores formais.
O Governo, infelizmente, demonstra que vai continuar apostar na precarização das relações do trabalho. A CSB vai seguir pautando e defendendo uma agenda que estenda a mão aos quase 100 milhões de trabalhadores (formais e informais), a partir de medidas que garantam renda digna aos trabalhadores informais, a manutenção dos empregos e a proteção da saúde e bem-estar dos trabalhadores através do fortalecimento do SUS. São com ações como essas que o Brasil vai superar essa pandemia com dignidade para todos.
Atenciosamente,
Antonio Neto
Presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros
Denúncia aponta que subsidiárias da Apple teriam usado minerais saqueados por grupos armados
Nova campanha do sindicato de TI paulista explica cláusulas da Convenção Coletiva de Trabalho através…
Medida altera a regra atual sobre o trabalho aos domingos e feriados, que desde 2021…