Notícias

Milei promove criptomoeda e investidores protestam após o dinheiro “sumir”

Criptomoeda – Uma “investigação urgente” foi anunciada pelo governo argentino na noite do último sábado (15). O alvo é a criptomoeda promovida pelo presidente Javier Milei na última sexta-feira (14) em uma publicação nas redes sociais e que foi derrubada horas depois. O fato rendeu acusações de fraude e pedidos de impeachment, com milhares de investidores relatando que o dinheiro “sumiu” pouco tempo depois.

O presidente havia publicado no X uma mensagem que ficou fixada por mais de cinco horas. Nela havia um link para um projeto intitulado “Viva La Libertad Project”, confirmou a imprensa local. “O mundo quer investir na Argentina. $LIBRA”, dizia a postagem juntamente ao nome do token, uma unidade de valor digital baseada na tecnologia blockchain sem valor em moeda real.

LEIA: Carf mantém tributação previdenciária sobre PLR em ação do BTG Pactual

O ultraliberal Milei afirmava em sua publicação que a criptomoeda era “um projeto privado” dedicado a “incentivar o crescimento da economia argentina, financiando pequenas empresas e empreendimentos argentinos”.

A medida recebeu muitas críticas, não apenas de políticos da oposição, mas também de economistas e especialistas em criptomoedas da Argentina. Eles apontaram que esse tipo de ativo poderia ser algum tipo de fraude ou esquema de pirâmide. A publicação foi excluída horas depois. Em sua conta do X Milei explicou que “não estava ciente dos detalhes do projeto e, depois que tomei conhecimento, decidi não continuar difundindo-o”.

Diante das críticas, a Presidência informou ainda na noite de sábado que, “diante dos fatos”, Milei “decidiu intervir de forma imediata com o Escritório Anticorrupção (OA) para determinar se houve conduta imprópria por parte de qualquer membro do governo nacional, incluindo o próprio presidente”.

A criação de uma “Unidade de Força-Tarefa de Investigação” sob o gabinete da Presidência encarregada de “iniciar uma investigação urgente sobre o lançamento da criptomoeda $LIBRA e todas as empresas ou indivíduos envolvidos na operação” também foi anunciada em publicação no X.

Dinheiro “sumiu”

De acordo com a revista de mercados de capitais The Kobeissi Letter e outros especialistas em finanças digitais, antes do apoio de Milei cerca de 80% dos ativos da $LIBRA estava nas mãos de poucos. Depois da publicação do presidente, o valor cresceu exponencialmente, de décimos a um pico de US$ 4.978 (R$ 28.512 na cotação atual). Os detentores originais começaram a vender com lucros milionários, porém o valor despencou logo em seguida.

Javier Smaldone, especialista em informática e influenciador digital conhecido por denunciar esquemas de pirâmides, afirma que a manobra é conhecida no trading digital como uma “puxada de tapete”.

“Uma criptomoeda é criada, o que também pode ser feito com ações, recebe uma liquidez inicial para que o que foi criado valha alguma coisa e, em seguida, uma campanha publicitária de algum tipo é iniciada, atraindo pessoas”, explicou Smaldone sobre o papel que a promoção de Milei poderia ter desempenhado.

O especialista também comentou que à medida que “as pessoas começam a comprar, o valor do ativo aumenta (…) até que, em algum momento, aqueles que administram a liquidez retiram o dinheiro e a coisa desanda”.

O ocorrido também foi alvo de denuncias de líderes da oposição. Martín Lousteau, senador UCR (centro) foi um deles. De acordo com uma publicação feita em sua conta do X “esta é a segunda vez que, como funcionário, (Milei) anuncia ativos do mundo das criptomoedas que acabam sendo uma fraude”.

Ainda no sábado, o bloco liderado por peronistas na Câmara dos Deputados do Congresso Nacional, União pela Pátria, anunciou que apresentará “um pedido de impeachment contra o Presidente da Nação”, nesta segunda-feira (17).

Esse tipo de conduta não é novidade para Milei: em 2021 o então deputado e agora presidente promoveu a plataforma CoinX, que oferecia lucros de 8% ao mês em dólares e agora também está sendo investigada por suposta fraude.

Maximiliano Ferraro, que é deputado da Coalização Cívica, afirmou que o que aconteceu com a $LIBRA “foi uma manobra especulativa que poderia ser alavancada no poder político do Presidente e no uso de informações privilegiadas”. O Congresso “deveria criar uma comissão especial de investigação” para “esclarecer os fatos e determinar as responsabilidades”, considerou.

(Com informações de Folha de S.Paulo)
(Foto: Reprodução/Freepik/9moshi)

Julia Stoever

Publicado por
Julia Stoever
Tags: sindical

Veja Também

  • Destaque
  • Notícias

Homem tem remissão do HIV seis anos após transplante de células-tronco

Transplante foi realizado para tratamento de leucemia, mas fez com que infecção com HIV entrasse…

12 horas atrás
  • Destaque
  • TI

Novas regras de IA do WhatsApp colocam Meta sob investigação na União Europeia

Bloco europeu avalia impor medidas provisórias que podem suspender temporariamente políticas de IA da Meta…

12 horas atrás
  • Destaque
  • Notícias

Roblox é bloqueado na Rússia acusado de conteúdo impróprio para crianças

Órgão regulador afirmou que plataforma norte-americana dissemina matérias que podem “prejudicar o desenvolvimento espiritual e…

12 horas atrás