Federação Nacional dos Trabalhadores em Tecnologia da Informação

MP aponta indícios de irregularidades em processo de privatização da Celepar

MP aponta indícios de irregularidades em processo de privatização da Celepar

Transferência da empresa de tecnologia paranaense para a iniciativa privada vem sendo discutida

Privatização da Celepar – A 5ª promotoria de justiça e proteção ao patrimônio de Curitiba, emitiu um parecer crítico sobre a privatização da Companhia de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná (Celepar), destacando possíveis conflitos com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). O texto de autoria da Promotora de Justiça Cláudia Cristina Madalozzo ressaltou que a Celepar desempenha um papel essencial na gestão de dados sensíveis dos cidadãos paranaenses, especialmente nas áreas de segurança pública e investigação criminal.

Dentre as questões sensíveis está o fato de a proposta da privatização prever a criação do Conselho Estadual de Governança Digital e Segurança da Informação (CDD-SI). As atribuições deste conselho, porém, não incluem o controle e gestão de dados sensíveis mencionados no artigo 4º, parágrafo 4º da LGPD, que, se existentes, deveriam permanecer sob controle estatal.

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Além disso, no início deste ano, o governo do Paraná firmou uma série de contratos milionários e sem licitação para acelerar o processo de privatização. A Ernst & Young Assessoria Empresarial Ltda foi contratada por R$ 8,7 milhões para assessorar a alienação, e o escritório Reis, Varrichio e Carrer Sociedade de Advogados formou contrato de quase meio milhão de reais para avaliar tecnicamente as decisões relacionadas à imunidade tributária da Celepar.

“Enquanto a população se distraía com o carnaval, o Oscar e outras manchetes do noticiário, grandes decisões foram tomadas sem alarde”, afirma Paulo Jordanesson Falcão, advogado e representante do Comitê de Funcionários contra a privatização da Celepar.

“Esse roteiro, repetido à exaustão no Brasil, reforça um padrão preocupante: contratos milionários são fechados sem licitação, promessas de eficiência e modernização são feitas, mas, quando os problemas aparecem, já é tarde demais”, complementa.

A autorização da privatização da Celepar foi aprovada a partir da Lei 22.128/2024 na Assembleia Legislativa do Paraná em 2024. Críticas vindas de diversos setores da sociedade foram feitas ao fato de que o projeto tramitou em tempo recorde. “A celeridade com que esse projeto foi aprovado impediu um debate aprofundado sobre as consequências dessa privatização para a sociedade paranaense”, comentou Paulo.

A privatização da Celepar entrou em pauta em 2023, quando o governo do estado anunciou a intenção de privatizar empresas públicas de setores estratégicas. No caso, os serviços de tecnologia.

A importância das atividades oferecidas pela empresa foi ressaltada no parecer. Dentre elas estão, por exemplo: gestão de ambientes de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), central de atendimento, rede privada de telefonia IP, desenvolvimento, hospedagem e manutenção de portais, comunicação e armazenamento em nuvem, soluções de informações estratégicas, operação e gestão de informações, além de suporte a softwares como serviço (SaaS) adaptados a diferentes secretarias. Tais serviços são considerados fundamentais para o funcionamento eficiente do governo e a proteção dos dados dos cidadãos.

Dessa forma, a Lei 22.128/2024 apresenta aparentes incompatibilidades com as disposições da LGPD. Transferir a responsabilidade de gestão de dados sensíveis a uma organização privada pode comprometer a proteção de informações estratégicas que devem permanecer sob tutela do Estado. “A privatização da Celepar coloca em risco a segurança dos dados dos cidadãos e a soberania do estado sobre informações estratégicas”, pontua Paulo.

O mais assustador, comenta Paulo, não é a privatização em si, porém o silêncio em torno dela. “Pouco se discute, pouco se questiona. O brasileiro, em sua rotina atribulada, não tem tempo de acompanhar esses processos e só percebe a gravidade da situação quando o estrago já foi feito. A Celepar ainda não foi privatizada, mas o momento de reagir é agora. Depois, só restará o lamento”, finaliza.

(Com informações de TiInside)
(Foto: Reprodução/site oficial Celepar)

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