Pesquisa revela alto custo energético da IA na criação de vídeos
IA – Uma pesquisa do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), publicada neste mês de maio, revelou que um vídeo de cinco segundos gerado por inteligência artificial (IA) pode consumir a mesma quantidade de energia que um micro-ondas ligado por uma hora.
O estudo, intitulado “Power Hungry: AI and our energy future” (“Fome de poder: IA e o futuro da nossa energia”), analisa o impacto ambiental da crescente utilização de ferramentas de IA, especialmente aquelas voltadas para a produção de conteúdo multimídia em grande escala.
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A equipe do MIT Technology Review avaliou o consumo energético de diferentes sistemas de IA usados para gerar imagens, vídeos curtos e textos. Entre os modelos analisados estão o Sora (da OpenAI), Veo (do Google), Adobe Firefly e o CogVideoX, da China, sendo este último responsável pelo consumo de aproximadamente 1 kWh na produção de um vídeo de apenas cinco segundos.
O estudo indica que, entre 2005 e 2017, mesmo com a popularização de serviços em nuvem como Netflix e Facebook, os centros de processamento de dados conseguiram manter um consumo de eletricidade estável graças a ganhos de eficiência. No entanto, a situação mudou a partir de 2017 com a ascensão da IA.
A demanda por hardware especializado, como GPUs para o treinamento de modelos, dobrou o consumo energético dos data centers. Atualmente, eles são responsáveis por 4,4% de toda a energia consumida nos Estados Unidos, com expectativa de que esse número triplique até 2028. A eletricidade utilizada por esses centros é 48% maior do que a média nacional.
O ciclo completo de processamento de IA, que vai do treinamento até a inferência (geração do vídeo em si), também foi analisado. O treinamento de modelos avançados de vídeo requer milhares de GPUs operando por semanas. A geração de vídeos consome ainda mais energia quando feita em larga escala, especialmente em serviços populares que processam milhões de vídeos diariamente, como ferramentas de edição por IA e redes sociais.
Resfriamento de data centers
A razão para o elevado consumo está na complexidade dos sistemas utilizados. Ao contrário de buscas simples ou processamento de texto, a geração de vídeo exige que os modelos processem quadros sequenciais, entre 24 e 60 imagens por segundo, simulando física, iluminação, texturas e mantendo coerência visual. Isso demanda interações constantes e muitos cálculos computacionais.
Além da energia, o resfriamento dos data centers também representa um impacto ambiental relevante. Uma pesquisa citada no estudo aponta que o ChatGPT, por exemplo, utiliza 519 mililitros de água para gerar 100 palavras, o que se soma às altas emissões de carbono. Muitos dos hardwares especializados utilizados pelas empresas de IA estão instalados em regiões com energia mais barata, mas não renovável, como a Virgínia (EUA), onde 60% da eletricidade vem de gás natural.
Mesmo diante dos dados, grandes empresas de tecnologia evitam divulgar publicamente informações sobre o consumo energético de seus sistemas. Esse “silêncio” é visto como conveniente, uma vez que a exposição do custo ambiental poderia prejudicar a imagem sustentável que essas companhias tentam promover.
Em resposta à pesquisa do MIT, algumas dessas empresas alegam que vídeos gerados por IA têm impacto ambiental menor do que produções cinematográficas tradicionais, por não envolverem deslocamentos, equipes ou equipamentos físicos. No entanto, os pesquisadores consideram essa comparação questionável, pois faltam dados concretos que sustentem tal afirmação.
Especialistas ouvidos no estudo criticam o desperdício associado ao uso e ao treinamento de modelos de IA apontando que muitas companhias priorizam velocidade e sofisticação em detrimento da eficiência energética. Eles recomendam práticas mais sustentáveis, como o uso de energia renovável em data centers e o desenvolvimento de algoritmos mais eficientes.
A pesquisa também destaca a importância da transparência. Segundo os autores, se os usuários soubessem o custo ambiental de cada vídeo ou imagem gerada por IA, talvez reconsiderassem o uso indiscriminado dessas tecnologias.
Enquanto as empresas não assumem sua parcela de responsabilidade, o debate sobre o impacto climático da inteligência artificial tende a crescer, e os consumidores podem ter um papel fundamental ao exigir mudanças.
(Com informações de Techtudo)
(Foto: Reprodução/Freepik/mohammadhridoy_11)
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