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Renda básica universal pode ser único caminho na economia da IA

Renda básica universal pode ser único caminho na economia da IA

Renda básica universal pode ser único caminho na economia da IA

Renda básica universal – A economia mundial está em um momento decisivo. Embora a inteligência artificial traga ganhos impressionantes de eficiência, também coloca em risco uma parcela significativa dos postos de trabalho.

Dados recentes da McKinsey revelam que, até 2030, a automação pode liberar até três horas diárias de trabalho, com reduções especialmente em áreas como atendimento ao cliente, suporte administrativo e serviços alimentícios.

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As projeções indicam que milhões de trabalhadores podem ser substituídos ainda nesta década. No entanto, essas pessoas não vão deixar de existir. Elas continuarão precisando de alimentação, moradia, saúde e da dignidade que vem da inclusão econômica. A questão não é se a mudança ocorrerá, mas como nos prepararemos para ela — com planejamento ou em meio ao caos.

Não se trata de um cenário futurista sombrio, mas de uma realidade econômica urgente que demanda ações imediatas. Neste cenário, a renda básica universal surge como uma possível solução.

Ilusão da passividade

A teoria econômica convencional defende que os mercados se autorregulam, gerando novas ocupações no lugar das extintas. Embora isso tenha ocorrido em revoluções tecnológicas passadas, a velocidade e o alcance da IA podem tornar esse ajuste insuficiente.

Até 2030, a automação deve transformar o mercado de trabalho em uma escala que deixará pouco espaço para adaptações naturais ou programas de recapacitação eficazes.

O preço da inação vai além do impacto individual. Desemprego em massa gera instabilidade, reduz o consumo e, ironicamente, mina a demanda que as empresas dependentes de IA precisam para crescer. Uma sociedade onde a tecnologia enriquece poucos e marginaliza muitos é economicamente inviável e socialmente explosiva.

A eficácia da renda básica universal

Ao contrário do que alegam os críticos, que a veem como utopia, experimentos globais comprovam os efeitos positivos da renda básica. O maior estudo do mundo sobre o tema concluiu que “para os mais pobres, um pagamento único significativo pode ter efeitos duradouros” e que “uma renda básica permanente também”.

Os resultados desmontam mitos sobre comportamento econômico. No Quênia, beneficiários tiveram aumento no empreendedorismo e melhoraram seu planejamento de longo prazo. Longe de criar dependência, a segurança financeira liberou potencial inovador, permitindo que assumissem riscos calculados.

A saúde mental também melhorou. Na Finlândia, pesquisas mostraram que “os participantes do programa relataram maior satisfação com a vida, menos estresse e uma visão mais positiva de sua situação financeira”. Esse bem-estar tem reflexos econômicos diretos — populações mentalmente saudáveis demandam menos gastos públicos e contribuem mais para a sociedade.

A confiança nas instituições também cresceu. Segundo a McKinsey, na Finlândia, “os beneficiários da renda básica registraram maior confiança no governo, no judiciário e na previdência social”. Essa coesão social é um alicerce econômico frequentemente subestimado.

Matriz M4

Implementar a renda básica universal exige uma visão multidimensional. A matriz M4 — que avalia os níveis micro, meso, macro e meta — oferece um modelo para sua aplicação eficaz.

• Micro: Indivíduos com renda garantida investem em educação, abrem negócios e dedicam-se a atividades criativas. O mito da ociosidade é refutado por dados.
• Meso: Comunidades se fortalecem, com queda na criminalidade e maior engajamento cívico. A competição por recursos básicos diminui.
• Macro: A renda atua como um amortecedor econômico, sustentando o consumo mesmo durante crises tecnológicas. Isso cria um ciclo virtuoso: a produtividade da IA financia o programa, que mantém o poder de compra dos consumidores.
• Meta: Com a IA cuidando de tarefas repetitivas, os humanos podem focar no que nos diferencia: criatividade, empatia e soluções complexas.

Tecnologia como aliada

Ferramentas modernas tornam a gestão do programa viável em larga escala. IA e computação quântica permitem monitorar a economia em tempo real, combater fraudes e cortar burocracia. Blockchains garantem transparência na distribuição, e moedas digitais facilitam transferências rápidas e baratas.

A ironia é clara: a mesma tecnologia que ameaça empregos também fornece os meios para mitigar seus efeitos.

(Com informações de Forbes)
(Foto: Reprodução/Freepik/nespix)

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