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Senado quer aprovar projeto que amplia isenção do IR em 30 dias

Senado quer aprovar projeto que amplia isenção do IR em 30 dias

Texto aprovado na Câmara em 1º de outubro após seis meses em discussão precisa ser sancionado até o fim do ano para ter validade já em 2026

Isenção do IR – O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), designou o senador Renan Calheiros (MDB-AL) como relator do projeto de lei aprovado na Câmara dos Deputados que amplia a isenção do Imposto de Renda (IR) para quem recebe até R$ 5.000 mensais. Calheiros afirmou que pretende concluir a votação e aprovação da matéria no prazo de um mês.

O parlamentar alagoano criticou a forma como a Câmara tratou a proposta, dizendo que ela foi usada como instrumento de pressão sobre o governo Lula (PT) e como “chantagem” para avançar com pautas como a anistia aos golpistas de 8 de janeiro e a chamada PEC da blindagem.

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Segundo Renan, o texto deve receber apenas ajustes de redação e supressões pontuais, com o objetivo de evitar que volte à Câmara e possa seguir diretamente para a sanção presidencial. “O Senado não vai abrir mão no cumprimento do seu papel. O que tiver que ser modificado, vai ser modificado, sim”, declarou o relator, classificando o projeto como “a mais importante” proposta atualmente em tramitação no Congresso.

“Nós vamos fazer tudo, no entanto, para que a matéria não volte para a Câmara dos Deputados, porque lá na Câmara dos Deputados ela serviu, lamentavelmente, como um instrumento de chantagem e de pressão contra o governo e até sobre a pauta do Poder Legislativo”, afirmou.

Interesse público

O presidente do Senado aproveitou a ocasião para voltar a criticar a priorização de pautas que, em sua visão, atendem a disputas políticas e não às necessidades da população. Ele destacou que a ampliação da faixa de isenção do IR “é um assunto que de fato interessa à sociedade”.

“Tento ajudar trabalhando e buscando construir um consenso, e isso tem me dado muito trabalho nesses últimos dias, porque estamos num Congresso, num Parlamento brasileiro, debatendo muitos assuntos ao mesmo tempo, e alguns deles de fato com pouca importância na vida dos brasileiros”, disse Alcolumbre.

Recentemente, o senador fez um desabafo em plenário, criticando o avanço de propostas como a anistia e a atuação do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que vive atualmente nos Estados Unidos e tem articulado medidas junto ao governo de Donald Trump que já resultaram em tarifas e sanções ao Brasil.

Trâmite no Senado

Alcolumbre informou que a análise do projeto ocorrerá apenas na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e depois será encaminhada ao Plenário. Na Comissão, Renan Calheiros pretende realizar quatro audiências públicas antes da deliberação final, o que deve ocorrer em aproximadamente 30 dias.

Neste ano, o senador já havia relatado outra proposta de isenção do IR aprovada pela Casa, em meio a um cenário político dominado por discussões sobre anistia e outros temas.

A escolha de Calheiros para a relatoria também tem peso político em Alagoas, já que o relator do texto na Câmara foi o deputado Arthur Lira (PP-AL) e ambos devem disputar protagonismo nas eleições de 2026 no estado.

Impactos do projeto

O projeto foi aprovado por unanimidade na Câmara dos Deputados em 1º de outubro, após uma tramitação de seis meses e meio. Agora, o Senado precisará agilizar o processo para que o texto seja sancionado ainda em 2025 pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A ampliação da isenção é uma das principais promessas de campanha de Lula. A proposta também prevê descontos no imposto para quem ganha de R$ 5.000 e R$ 7.350 mensais.

Atualmente, a isenção efetiva atinge rendas de até R$ 3.036 por mês. Embora a faixa oficial seja de R$ 2.428,80, a Receita Federal aplica um desconto simplificado de R$ 607,20, o que zera o imposto de quem recebe até dois salários mínimos.

A mudança deve beneficiar cerca de 16 milhões de contribuintes, com impacto estimado de R$ 31,2 bilhões no orçamento de 2026.

Para compensar a perda de arrecadação, o governo incluiu na proposta um imposto mínimo de até 10% sobre rendas altas, que atinge cerca de 141 mil contribuintes. Esse grupo paga hoje uma alíquota efetiva média de apenas 2,5%, inferior à de profissionais como policiais (9,8%) e professores (9,6%).

A alíquota efetiva representa o percentual de imposto pago em relação à renda total. Embora o IRPF tenha faixas de até 27,5%, diversas deduções – como gastos médicos e rendimentos isentos, como dividendos – reduzem significativamente o valor recolhido.

Pela nova regra, o imposto mínimo será aplicado de forma progressiva sobre quem ganha acima de R$ 50 mil por mês (cerca de R$ 600 mil por ano). Para rendas anuais acima de R$ 1,2 milhão, a cobrança mínima será de 10%, descontando-se o que já foi pago: se o contribuinte tiver recolhido 2,5%, deverá pagar o equivalente aos 7,5% restantes.

(Com informações de Folha de S.Paulo)
(Foto: Reprodução/Agência Brasil/Lula Marques)

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