Federação Nacional dos Trabalhadores em Tecnologia da Informação

Trabalhadores em regime CLT terão novo modelo de consignado, anuncia governo

Trabalhadores em regime CLT terão novo modelo de consignado, anuncia governo

Na nova modalidade, trabalhadores poderão contratar empréstimo diretamente com instituição financeira pelo e-Social

Modelo de consignado – A ferramenta e-Social será usada para a concessão de empréstimos consignados para trabalhadores em regime CLT e para trabalhadores domésticos registrados na plataforma, em um novo modelo de crédito. A medida foi anunciada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na quarta-feira (29).

A decisão foi tomada após reunião em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontrou com os presidentes dos maiores bancos do país. Também no mesmo dia, o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu que a taxa Selic teria alta de 1 ponto percentual e passou para 13,25% ao ano. A desaceleração do crédito é uma das preocupações de Lula no cenário de alta dos juros.

LEIA: Governo e empresas negociam novas regras para o VR e VA; saiba

No encontro, os banqueiros afirmaram que o crédito do consignado privado tem potencial de aumentar em R$ 80 bilhões o volume de empréstimos nessa modalidade, podendo chegar a R$ 120 bilhões. O saldo de crédito consignado se encontra em R$ 40 bilhões atualmente.

Para os representantes dos bancos, o novo consignado precisa nascer sem limitações de teto de juros, como acontece com o consignado do INSS. Em um momento de alta de inflação e juros, não é recomendável que o novo produto seja tabelado, argumentaram os banqueiros.

Existem dois entraves principais para a proposta: um deles é o tabelamento de juros e o outro é a resistência do ministro do Trabalho, Luiz Marinho, que quer lançar o consignado privado depois de acabar com o saque-aniversário do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).

De acordo com Haddad, a proposta é a oportunidade de garantir crédito barato a cerca de 42 milhões de brasileiros. O ministro também informou que terá uma reunião com o presidente Lula para discutir os últimos detalhes do texto – provavelmente uma medida provisória – para encaminhá-lo ao Congresso Nacional.

O uso do FGTS como garantia do novo consignado foi um tema evitado pela equipe de Lula, porém uma lei de 2023 já prevê que no atual consignado o empregado possa oferecer 10% do saldo do FGTS como garantia. Marinho pretende manter tal regra, já os bancos defendem uma mudança.

Como deve funcionar o novo consignado

O modelo do consignado privado foi discutido em uma reunião no Palácio do Planalto. Nela estavam o presidente Lula, os ministros Haddad, Marinho e Rui Costa (Casa Civil); o presidente da Febraban (Federação dos Bancos do Brasil), Isac Sidney, além de presidentes dos principais bancos privados e dos bancos públicos.

No atual modelo, a intermediação é feita pela empresa onde o trabalhador atua, devendo haver um convênio entre ela e a instituição financeira. Haddad não esclareceu se o novo modelo vai substituir ou coexistir com o formato atual.

O novo modelo, por sua vez, prevê a criação de uma plataforma que terá como base o e-social. Desta forma os trabalhadores poderão escolher a melhor oferta de crédito consignado e fazer a operação financeira.

“Esse produto provoca uma pequena revolução no crédito brasileiro, porque você vai consignar no e-social, que é algo que toda empresa hoje tem que aderir para fazer o recolhimento do que deve ao trabalhador em termos de INSS, com liberdade, com o imposto retido na fonte e assim por diante”, disse Haddad. “Vai criar uma nova plataforma virtual que vai permitir a milhões de brasileiros, que hoje não têm acesso a crédito consignado barato, (terem acesso)”, acrescentou.

Já o fim do saque-aniversário do FGTS não foi discutido durante o encontro, relatou o ministro.

A nova plataforma vai conectar todas as empresas (independente do porte) com os aplicativos dos bancos. “Temos aqui uma perspectiva positiva de um crédito mais acessível ao trabalhador”, afirmou o presidente da Febraban. Ele também explicou que os bancos conectados no e-Social irão disputar o cliente e que haverá competição na plataforma.

De acordo com Sidney, a competição possibilitará que os trabalhadores migrem do banco A, B ou C. Além disso, ele também defendeu que não haja teto de juros. “O teto costuma gerar algumas disfuncionalidades na competição. Essa é a nossa tese, mas essa é uma decisão governamental”, disse.

Setor imobiliário

A criação de um saque consignado vinculado ao e-Social, como uma alternativa ao saque do FGTS, é esperada pelo mercado imobiliário e foi uma das promessas que o governo federal fez ao setor.

Para a Abrainc (representante dos incorporadores), se bem calibrada, a medida irá preservar a capacidade do FGTS para investir em habitação sem retirar do trabalhador o acesso a uma linha de crédito a taxas competitivas.

O setor imobiliário alega que, desde criação do saque-aniversário em 2019, foram sacados mais R$ 121 bilhões. Tais recursos seriam suficientes para a construção de cerca de 600 mil novas moradias e geração de 1,5 milhão de empregos.

O saldo do FGTS cresceu 40%, desde o lançamento do saque-aniversário, segundo dados de julho de 2024.

(Com informações de Folha de S.Paulo)
(Foto Reprodução/Freepik/jannoon028)

Compartilhe:

Outras publicações