IA brasileira vai traduzir dados complexos do SUS em respostas simples
SUS – A Dadosfera, startup focada em soluções de dados e inteligência artificial, firmou parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) para criar uma tecnologia inédita que permitirá a consulta ao Datasus por meio de linguagem natural. O objetivo é tornar as informações do Sistema Único de Saúde (SUS) mais acessíveis ao público em geral.
Com apoio da Embrapii e do Sebrae, o projeto vai desenvolver um modelo de linguagem natural totalmente brasileiro, capaz de compreender perguntas em português e buscar respostas em bancos de dados tabulares complexos. A Universidade Federal do Amazonas (UFAM) também integra o time de pesquisa.
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O Datasus reúne milhões de registros relacionados a internações, tratamentos e indicadores de saúde em todo o país. Embora sejam públicos, esses dados ainda são difíceis de acessar por causa de sua estrutura técnica e planilhas extensas.
A nova solução permitirá que o usuário faça perguntas simples – como “Quantas internações por dengue ocorreram no estado de São Paulo em 2024?” – e receba uma resposta automática, já processada e compreensível. O sistema será capaz de cruzar informações de diferentes bases e apresentar o resultado de forma direta, dispensando a navegação por planilhas e filtros complexos.
Segundo Brian Zaki, COO e sócio da Dadosfera, a iniciativa busca mais do que apenas inovação tecnológica. “Queremos democratizar o acesso aos dados de saúde pública. Dar às pessoas o poder de compreender e analisar indicadores é importante para jornalistas, estudantes, pesquisadores e qualquer cidadão interessado em acompanhar as políticas públicas e o histórico do país”, explica.
A ideia nasceu dentro da própria Dadosfera, que procurou a UFMG para o desenvolvimento conjunto. O projeto é coordenado por Marcos André Gonçalves, professor titular do Departamento de Ciência da Computação da UFMG, com Altigran Soares da Silva, professor titular do Instituto de Computação da UFAM, na subcoordenação.
Para Marcos, a proposta representa um passo importante rumo à transparência dos dados públicos. “Mesmo sendo informações abertas, hoje elas estão organizadas em planilhas complexas, restritas a especialistas. Com essa tecnologia, qualquer cidadão poderá fazer perguntas em português simples e obter respostas estruturadas”, afirma.
Reconhecido entre os dez cientistas brasileiros mais citados na área de ciência da computação, segundo o ranking World’s Best Scientists 2025, Marcos também lidera um projeto do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) voltado ao processamento de linguagem natural. Esse trabalho, que recebeu investimento de R$ 10 milhões, deve contribuir diretamente para o novo sistema voltado ao Datasus.
A primeira fase do projeto terá duração de 12 meses, com os primeiros protótipos previstos para o sexto mês. A tecnologia será hospedada em uma infraestrutura compartilhada entre a UFMG e a Dadosfera.
Na etapa seguinte, o sistema será disponibilizado ao público e poderá ser integrado por empresas que desejem automatizar consultas a dados de saúde. O time responsável conta com 11 pesquisadores, entre bolsistas de iniciação científica, mestrandos e pós-doutorandos.
Zaki ressalta a importância da cooperação entre o setor acadêmico e o mercado de tecnologia. “Minha relação com a UFMG vem desde os primeiros anos do Google em Belo Horizonte, em 2007. Retomar essa parceria agora, em um projeto que pode mudar a forma como o Brasil entende seus próprios dados de saúde, é motivo de orgulho”, diz.
(Com informações de Carta Capital)
(Foto: Reprodução/Freepik/rawpixel.com)
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